Título: Governistas e oposição de olho na economia
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Fonte: Correio Braziliense, 05/04/2012, Política, p. 4
Com a popularidade da presidente Dilma Rousseff em alta, parlamentares da base aliada no Congresso avaliam que o desempenho do governo será influenciado pelos próximos passos da equipe econômica. "As pesquisas são baseadas na economia. Estamos vivendo um momento bom. Mas os sinais no horizonte são de preocupação", avaliou o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).
Segundo ele, um dos principais entraves que o país enfrenta — inclusive podem ter reflexos num futuro próximo — é o gargalo acumulado no setor de infraestrutura. "O Brasil não tem projetos para essa área e está pagando um preço muito alto por isso", ressaltou o senador.
Apesar de nos últimos meses a aprovação média do governo se manter em 56%, as regiões Sul, Norte e Centro-Oeste apresentaram uma queda de 5%. Para o ex-governador de Santa Catarina e deputado Esperidião Amin (PP), essa queda deve-se ao fato de a região, tradicional no setor industrial, passar por problemas na área. "Os índices em queda podem ter como uma das causas o processo de desindustrialização pelo qual passamos", ressaltou o parlamentar. Paranaense, o líder do PPS, Rubens Bueno, também critica a atuação do Planalto na região. "O governo não tem tomado medidas estruturais. Falta qualificação de mão de obra, diminuição de juros", defendeu.
Líder no governo da base na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) minimiza as queixas dos colegas. "A pesquisa demonstra a confiança que a população tem nela. Acho que acima de tudo mostra autoridade e respeito", considerou o deputado.
Cabo de guerra Um dos fatores políticos trazidos com a pesquisa é o fortalecimento de Dilma na relação de cabo de guerra com o Congresso. Uma vez surfando em altos índices de aprovação, a presidente consegue o respaldo para manter a conduta linha-dura que impõe a integrantes da base que tentam impor a votação de propostas de interesse do governo com a troca de cargos e liberação de emendas.
"Ela está bem nas pesquisas porque faz um discurso que tem apelo na população: o de falar mal de políticos", disparou o presidente do PSDB e deputado, Sergio Guerra (PE). "Espero que as águas de Gandhi tenham feito bem para ela e a deixado mais zen com o Congresso", brincou um dos integrantes da base ouvido pelo Correio, se referindo à viagem de Dilma à Índia na semana passada.
Mesmo com um capital político em alta, as queixas dos aliados em relação ao tratamento dispensado por Dilma devem permanecer. Há até quem jogue um "olho gordo" numa possível pretensão por parte de Dilma à reeleição em 2014. "Teve um prefeito da minha cidade que tinha aprovação de 82% e acabou perdendo para um candidato novato que surgiu de última hora. Se ela tem perspectiva de um só mandato, está no papel dela. Mas se tem perspectiva de reeleição, está no caminho errado", ressaltou um integrante da base do governo.