O globo, n. 30951, 04/05/2018. País, p. 7
Seminário discute liberdade de imprensa
04/05/2018
Jornalistas apontam assédio judicial e agressão física no exercício da função
-BRASÍLIA- Violência contra jornalistas, interferências no trabalho dos profissionais, propagação de fake news e desafios da cobertura eleitoral foram temas debatidos em evento realizado ontem, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, em Brasília. Especialistas, jornalistas e autoridades listaram mecanismos atuais de violação do direito à liberdade de expressão, desde o “assédio judicial” à agressão física. Somente em 2018, 29 comunicadores foram assassinados no mundo por causa do exercício da função. No Brasil, o radialista Jeferson Pureza foi morto em janeiro em Edealina (GO).
O evento foi promovido pela “Revista e Portal Imprensa”, com o patrocínio da Abert e o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto afirmou que a liberdade de imprensa é um direito fundamental e deve ser “blindado” de interferências:
— Primeiro a liberdade e, depois, as consequências de eventual excesso, desvio, disrupção no uso da liberdade. Tudo claro, límpido, lógico, óbvio — disse.
ATAQUES DOS PODERES
Presidente da Abert e vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet falou da importância dos jornalistas em “tempos difíceis”.
— Só se pode fazer imprensa livre com jornalismo. E só se pode fazer jornalismo com jornalistas — destacou Tonet.
O jornalista Ascânio Seleme, colunista do GLOBO, ressaltou ataques à imprensa por parte dos Poderes da República:
— Há uma novidade se consolidando no Brasil, que são ataques do Judiciário à imprensa — alerta.
O fórum teve o apoio da Abraji, Associação Nacional de Editores de Revistas, Associação Nacional de Jornais e do Instituto Palavra Aberta.