Título: Consequências de uma epidemia
Autor: Araújo , Saulo
Fonte: Correio Braziliense, 01/04/2012, Cidades, p. 28

A "cocaína crack" é algo relativamente novo no já antigo problema (ainda sem sinal de resolução) do tráfico e do uso de drogas ilícitas. No Brasil e no Distrito Federal, ainda são poucos os estudos sobre a questão, o que faz com que fiquem sem respostas precisas e confiáveis importantes indagações sobre as causas e as consequências da presença crescente do crack (epidemia?) entre as principais drogas de uso ilícito da atualidade, como maconha, cocaína em pó e drogas sintéticas.

A julgar pelo volume da cobertura dada ao tema pela mídia local e nacional — focando nas diversas regiões administrativas e municípios do país, respectivamente —, o surgimento das chamadas cracolândias materializa a novidade da "cocaína crack" e problemas decorrentes. O maior e mais abrangente deles, certamente, é a dificuldade, ou mesmo impossibilidade,do poder público de prevalecer nessa guerra.

Uma dessas impossibilidades é a utilização, com sucesso, de uma política pública baseada apenas em ações de natureza policial, que deságuam nas esferas judicial e prisional. Elas, atualmente, vivem uma crise de demanda. O que parece mais claro, em um entendimento genérico e difuso pela sociedade, é a relação, ainda que não exclusiva, entre as drogas e a criminalidade violenta.

George Felipe de Lima Dantas é doutor em segurança pública pela Fundação Universa

O que diz a lei A Lei Antidrogas nº 11. 343, de 2006, institui novas políticas de combate às drogas no Brasil. A legislação abrandou as punições para os usuários. Quem for flagrado consumindo entorpecentes será advertido sobre os malefícios das drogas, prestará serviço à comunidade ou terá de assistir a palestras educativas. Já quem for preso traficando substâncias ilícitas poderá pegar de 5 a 15 anos de cadeia, além de pagar multa, que varia de R$ 500 a R$ 1, 5 mil.

"Em 2007, quando o governo federal lançou um programa de políticas sobre drogas, os trabalhos deixaram de ter foco na repressão e passaram a ter um caráter preventivo"

Mauro Gil Guimarães, subsecretário de Políticas sobre Drogas no DF