Correio braziliense, n. 20091, 25/05/2018. Política, p. 5

 

220 postos sem gasolina

Andressa Paulino e Bruno Santa Rita

25/05/2018

 

 

CRISE DOS COMBUSTÍVEIS » Até o fim da tarde, quando a Justiça determinou a desobstrução do terminal da Petrobras, consumidor sofreu com a falta de combustível

O número de estabelecimentos sem combustíveis no Brasil aumentou ontem. Cerca de 70% dos 312 postos de combustíveis do Distrito Federal ficaram sem gasolina, de acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Distrito Federal (Sindicombustíveis). O número representa um total de 220 estabelecimentos fechados. Segundo levantamento realizado pelo Correio em 33 postos, apenas nove ainda tinham estoque de gasolina e desses, só três estavam vendendo etanol.

Em outros estados, não foi diferente. Segundo o sindicato que representa revendedores da região do Rio de Janeiro, faltava combustível em metade dos estabelecimentos da cidade. De acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), o número de postos sem produto nas bombas cresceu rapidamente em grandes centros urbanos do Paraná e Mato Grosso. Em São Paulo, o estoque previsto para durar três dias estava chegando ao fim, informou o Sindicato Comércio Varejista Derivados Petróleo Estado São Paulo (Sincopetro).

As filas quilométricas, causaram transtornos ao trânsito. Em Brasília, consumidores ficaram até três horas parados, esperando para abastecer. Muitos desistiam de esperar nos carros e levavam galões para estocar o combustível. A prática desagradou muita gente. Para o servidor público, Jonas Guedes, 44 anos, o ato de comprar gasolina em recipientes, além de ser ilegal, é desigual. “Nós temos que ficar horas na fila e um grupo de pessoas com galões na mão passam na nossa frente e conseguem abastecer. Isso é muito injusto!”, reclamou.

Sem ter como repor o estoque, os preços nas bombas disparam. O derivado de petróleo que, no dia anterior, podia ser comprado por até R$ 4,39, ontem não saia por menos de R$ 4,58. Em alguns locais do Distrito Federal, o consumidor encontrou combustível por até R$ 9,99.

Uma liminar expedida pelo Juiz titular da 15ª vara cível de Brasília, João Luís Zorzo, no fim da tarde, encerrou o protesto de caminhoneiros que bloqueava o terminal da Petrobras, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). O acesso foi liberado e o combustível deve reabastecer os postos do DF.

Corte no preço

A Petrobras anunciou mais uma redução no preço do combustível. Com queda de 0,72%, o preço médio da gasolina será de R$ 2,01 nas refinarias sem a tributação. Já o valor do diesel recuou de R$ 2,3351 para R$ 2,1016, 10% mais barato.

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Não deu pra quem quis

Antonio Temóteo

25/05/2018

 

 

O temor de desabastecimento de combustíveis e de alimentos impulsionou ainda mais o Dia da Liberdade de Impostos, que ocorreu ontem em 16 estados e no Distrito Federal. Com medo de ficar sem gasolina, pessoas madrugaram nos três postos da rede JarJour para comprar o litro por R$ 2,98. O evento foi promovido pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).

A produtora Cláudia Paiva, 39 anos, chegou ao posto na Asa Sul às 6h, mas não conseguiu abastecer. Às 11h32, marcaram o último carro que poderia colocar os 20 litros mais baratos. “Faltou organização. Muita gente furou fila. Tiveram até que chamar a Polícia”, reclamou.  A única forma de pagamento aceita era dinheiro. Com o litro chegando a R$ 5 em alguns pontos da cidade, a promoção foi concorrida. Também houve confusão nas unidades da Asa Norte e Taguatinga.

Além dos postos de combustível, os shoppings Brasília, JK, Terraço e Taguatinga aderiram à campanha. Algumas lojas ofereceram desconto em um único produto, enquanto outras, em todas as mercadorias. Os preços tiveram queda de 15% a 70%. Mais de 100 lojas participam do evento.

O advogado Pedro Moura, 25, aproveitou para comprar camisas com até 50% de desconto. “Fica claro que o país precisa de uma reforma tributária. Uma camiseta de marca custaria R$ 70 ou R$ 80 sem esses impostos. Pagamos R$ 180”, disse.

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Procons autuam

25/05/2018

 

 

Os preços abusivos fizeram com que o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) fizesse diversas atuações pelo país. Em Pernambuco, quatro postos foram interditados e multados por prática de preços abusivos na noite de quarta-feira. Segundo a instituição, o caso mais grave foi o de um posto que cobrava R$ 8,99.

No Rio de Janeiro, o Procon fiscalizou 24 estabelecimentos. Deles, quatro foram notificados, por venderem gasolina acima de R$ 6. Já no Paraná, a instituição registrou 180 reclamações relacionadas ao preço abusivo dos combustíveis. E em Brasília, o Instituto de Defesa do Consumidor autuou três estabelecimentos, que de acordo com a instituição, estavam vendendo o combustível a preços de até R$ 5,99.

O Procon-DF sugere que o consumidor peça o comprovante fiscal ou pelo menos tire foto dos preços para que seja feita a denúncia. A instituição indica que o consumidor que queira fazer reclamações entre em contato com o 151 ou vá até um dos 10 postos da autarquia espalhados pelo Distrito Federal. (AP)