O Estado de São Paulo, n.45468 , 13/04/2018. ECONOMIA, p.B4

Salário mínimo pode subir para R$ 1.002 em 2019

Eduardo Rodrigues

 

 

Aumento deve ser de 5%, superior ao obtido pelos trabalhadores em 2018, quando a alta foi só de 1,81%; valor, no entanto, só será definido no fim do ano

 

O salário mínimo vai romper pela primeira vez a marca dos R$ 1 mil em 2019, de acordo com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) apresentado ontem pelo Ministério do Planejamento. Hoje, o valor do mínimo está em R$ 954 e deve subir para R$ 1.002 a partir do próximo ano, uma alta de 5%.

Esse valor, no entanto, pode mudar, porque o governo só bate o martelo sobre o salário mínimo no fim do ano. O reajuste para o próximo ano será bem superior ao obtido pelos trabalhadores em 2018, quando o aumento do salário mínimo de apenas 1,81% (de R$ 937 para R$ 954) – o menor porcentual de acréscimo nos últimos 24 anos.

O reajuste maior em 2019 acontece porque a economia voltou a crescer no ano passado e porque a inflação deste ano deve ser maior que a de 2017.

Desde 2012, a fórmula para a correção do salário mínimo prevê a aplicação da soma da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.

Após dois anos de retração, o PIB brasileiro cresceu 1% em 2017 e o governo estima que o INPC encerrará este ano em 3,8%. Por isso, apenas a aplicação da fórmula resultaria em um aumento de 4,8%, o que ainda seria insuficiente para ultrapassar a barreira dos R$ 1 mil de salário. Mas, como no ano passado o governo projetou um INPC inferior ao que efetivamente ocorreu, o reajuste 2018 ficou abaixo da inflação no período, o que será compensado agora com um aumento maior.

O ano de 2019 é último de vigência dessa metodologia, que garante ganhos reais aos trabalhadores sempre que há crescimento da economia. Caberá ao próximo governo decidir se mantém a atual fórmula, solicitando a sua prorrogação ao Congresso. Mesmo assim, a equipe econômica projetou a trajetória do mínimo para os anos seguintes baseada na atual metodologia. Desta forma, a remuneração mensal básica do trabalhador brasileiro chegaria a R$ 1.076 em 2020 e R$ 1.153 em 2021.

O ministro do Planejamento, Esteves Colnago, explicou que o impacto do aumento do mínimo nas contas do governo é de R$ 350 milhões para R$ 1 de reajuste, sobretudo pela correção automática dos benefícios da Previdência. Para 2019, o impacto do aumento do mínimo é de R$ 16,8 bilhões.