O Estado de São Paulo, n. 45469, 14/04/2018. Política, p. A8

 

Temer anuncia porta-voz como diretor da EBC

Igor Gadelha

14/04/2018

 

 

O diplomata Alexandre Parola vai assumir o cargo em maio; estatal foi criada durante o governo Lula para administrar os canais públicos de comunicação

 

O presidente Michel Temer indicou o porta-voz do governo, o embaixador Alexandre Parola, como novo presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Sem experiência em veículos de comunicação, Parola substituirá o jornalista Laerte Rímoli, que deixará o cargo em maio.

Antes de assumir o cargo, o nome de Parola ainda terá de ser submetido ao conselho de administração da empresa. O substituto do embaixador como porta-voz de Temer ainda não foi anunciado.

As mudanças na EBC foram antecipadas na terça-feira passada pelo Estadão/Broadcast .A troca foi motivada após Rímoli pedir para sair do cargo. O jornalista decidiu ir para os Estados Unidos, onde sua esposa mora desde agosto do ano passado.

Desde o início da gestão Temer, a EBC é um foco de tensão no governo. Integrantes do MDB no Palácio do Planalto chegaram a pregar abertamente o fim da estatal criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007.

Crise. A EBC é responsável por gerir os canais públicos de comunicação, como a Agência Brasil, a Radioagência Nacional, a TV Brasil e a TV Brasil Internacional, além de sete emissoras de rádios. É também responsável pela produção de conteúdo informativo da Voz do Brasil e TV NBR.

Um dos desafios de Parola será conduzir a empresa que passa por um forte aperto financeiro. Para este ano, o orçamento da EBC é de R$ 245,9 milhões – R$ 37 milhões a menos que o de 2017. Além disso, a expectativa para outros gastos não obrigatórios também é menor: redução de R$ 10 milhões.

Parola ficará na EBC até dezembro. O presidente Michel Temer prometeu indicá-lo para assumir a embaixada brasileira junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), cuja sede é em Genebra, na Suíça. A transferência do embaixador para a Europa estaria prevista para o início de 2019, informam interlocutores do governo.

Antes de trabalhar para o governo Temer, Alexandre Parola foi porta-voz durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2013) e ocupou postos diplomáticos internacionais em Genebra, Londres e Washington.

Diplomata, Parola deve chefiar a EBC até dezembro

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No Planalto, Cármen Lúcia pede para não ser chamada de ‘presidenta’

14/04/2018

 

 

Presidente do STF é a segunda mulher na história a chefiar o País, ainda que por um dia; Temer deve retornar hoje

A presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, assumiu ontem a Presidência da República no lugar de Michel Temer, que viajou ao Peru para a 8.ª edição da Cúpula das Américas. Segunda mulher na história do Brasil a ocupar o Presidência – a primeira foi Dilma Rousseff em 2010 – Cármen Lúcia deve ocupar o cargo até a tarde de hoje, quando está previsto o retorno de Temer ao País.

Terceira na linha sucessória, Cármen assumiu o Palácio do Planalto porque os dois primeiros – o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) –, concorrem a cargos eletivos e, por isso, estão impedidos. Cármen e Temer se encontraram na base aérea antes de o presidente embarcar, por volta das 11 horas.

Cármen cumpriu agenda no Supremo, antes de despachar no Palácio do Planalto, e, na saída, falou rapidamente a jornalistas sobre o fato de assumir o posto: “Cumprir a Constituição é sempre um prazer”.

A presidente em exercício chegou ao Planalto pouco depois das 15h. Para as audiências, avisou que não gostaria de ser chamada de “presidenta”, como Dilma gostava. Optou por despachar na mesa redonda de 13 lugares no gabinete presidencial. Segundo auxiliares, ela não usou a cadeira presidencial.

Cármen foi recebida ontem no Planalto pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, a quem coube lhe passar uma espécie de briefing diário das atividades do Executivo. Auxiliares que acompanharam o entra e sai do gabinete presidencial brincaram que o 3.º andar do Planalto estava parecido com a Suprema Corte, do outro lado da rua.

Dia do Autismo. Desde anteontem, quando ficou confirmado que Cármen despacharia no Planalto, auxiliares de Temer passaram a fazer um levantamento de atos que ela poderia assinar no Diário Oficial da União durante o curto período no cargo. Em uma das suas poucas ações como presidente da República, Cármen sancionou a lei que institui o Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo, a ser comemorado em 2 de abril.

Em 2016, a ministra foi criticada por pais de autistas por causa de um comentário que fez em entrevista. Ao ser questionada se os ministros do Supremo demonstrariam o mesmo emprenho nos casos da Lava Jato que tiveram no mensalão, ela disse que sim, e que os ministros não eram autistas. Após a repercussão negativa nas redes sociais, Cármen pediu desculpas.

Presidência. Michel Temer transmite cargo a Cármen Lúcia