O Estado de São Paulo, n.45472 , 17/04/2018. POLÍTICA, p.A6

TRIPLEX É INVADIDO POR GRUPOS PRÓ-LULA

 

 

Movimentos liderados por Boulos fazem ato em imóvel pivô da condenação do petista

 

Manifestantes da Frente Povo Sem Medo ocuparam ontem a cobertura triplex do edifício Solaris, no Guarujá – pivô da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A ação durou pouco mais de três horas e foi encerrada após negociação com a polícia. O coordenador da frente, Guilherme Boulos, pré-candidato do PSOL à Presidência, não participou da invasão.

Os militantes, cerca de 250, segundo os organizadores, chegaram ao edifício Solaris por volta das 8h. Eles entraram por um portão e subiram pelas escadas até a cobertura. No apartamento, estenderam faixas com os dizeres “Se é do Lula, é nosso”, “Se não é, por que prendeu?” e uma grande bandeira da Frente Povo Sem Medo. Além disso, fizeram fotos e vídeos. Nas redes sociais, a também pré-candidata ao Planalto Manuela d’Ávila (PCdoB) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) manifestaram-se a favor do ato.

A ação levou tensão ao condomínio, segundo a moradora Renata Simões. De acordo com ela, manifestantes invadiram o prédio quebrando um dos portões. A moradora afirmou que viu repórteres e manifestantes entrando no prédio, arrombando o portão da garagem e pulando as grades do edifício.

“Tirei foto e estou indo para a delegacia denunciar. Estou com medo dentro da minha própria casa. Eles não estão no apartamento do Lula, eles invadiram um condomínio que é de várias pessoas”, disse Renata.

A advogada do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Débora Camilo, negou ter havido depredação. “Estamos fazendo um ato pacífico”, disse. “O objetivo da ocupação não era fazer qualquer dano ao condomínio ou a quem mora lá, tanto é que isso não foi feito”, afimou Boulos.

Os manifestantes deixaram o prédio por volta das 11h30, após negociação com a Polícia Militar. Segundo Boulos, o movimento concordou em deixar o prédio após a ameaça da polícia de prender os manifestantes. “A própria forma como reagiu a polícia, sem qualquer ordem judicial, expressa o que está em jogo nessa questão do triplex.”

Segundo o presidenciável do PSOL, a ação tinha o objetivo de “denunciar a farsa judicial que levou à prisão do ex-presidente”. “Se o triplex é do Lula como diz (o juiz Sérgio Moro) eles não podiam nos tirar de lá. Quem iria pedir a reintegração de posse? E, se o triplex não é dele, como se evidenciou com a polícia indo lá, então ele deveria ser solto, porque não há objeto de crime”, declarou.

Na sentença, Moro atribui o imóvel a Lula e diz: “Não se está, enfim, discutindo questões de Direito Civil, ou seja, a titularidade formal do imóvel, mas questão criminal, a caracterização ou não de crimes de corrupção e lavagem. Não se deve nunca esquecer que é de corrupção e lavagem de dinheiro do que se trata”.

Em carta divulgada ontem pelo PT, o ex-presidente, preso em Curitiba há dez dias, afirma que está tranquilo, “mas indignado como todo inocente fica quando é injustiçado”. / DANIEL WETERMAN, ANA NEIRA e RAFAEL CICCONI, ESPECIAL PARA O ESTADO

 

Ato

Integrantes da Frente Povo Sem Medo ocupam triplex do Guarujá; polícia foi acionada