Correio braziliense, n. 20097, 31/05/2018. Política, p. 5

 

Deputados federais sob suspeita de fraude

Renato Souza

31/05/2018

 

 

Agentes da Polícia Federal foram à Câmara dos Deputados, ontem, para cumprir mandados de busca e apreensão contra parlamentares. O foco da investigação é um suposto esquema de emissão de registros sindicais mediante o pagamento de propina. As equipes estiveram nos gabinetes de Paulinho da Força (SD-SP), Jovair Arantes (PTB-GO) e Wilson Filho (PTB-PB), apontados como envolvidos nas fraudes. A prisão do trio chegou a ser pedida ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi negada.

Os policiais chegaram à Câmara por volta das 7h e só saíram após as 13h. De acordo com as diligências feitas até agora, o esquema era operacionalizado na Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Trabalho. Foram encontrados indícios da participação de advogados, servidores públicos, sindicalistas e lobistas.

Ao longo do dia, foram cumpridos oito mandados de prisões preventivas, 15 de prisões temporárias e 64 de busca e apreensão em sete estados e no DF. As ações realizadas durante a operação, assim como a prisão dos parlamentares, foram solicitadas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela também queria a detenção do deputado cassado Roberto Jefferson, mas Fachin negou por “não ver provas suficientes para indicarem que ele sabia das atividades criminosas”. A operação recebeu o nome de Registro Espúrio.

Em nota, o deputado Paulinho da Força afirmou que “já foi investigado em diversas oportunidades e sempre conseguiu provar que as denúncias foram fruto de pessoas incomodadas com sua atuação contundente na defesa incansável do trabalhador brasileiro”. Jovair Arantes e Roberto Jefferson disseram que seguem o posicionamento divulgado pelo PTB. A assessoria da legenda informou que “a Direção Nacional afirma que jamais participou de quaisquer negociações espúrias no Ministério do Trabalho e declara que, se for comprovado na Justiça o envolvimento de petebistas no referido esquema investigado pela Polícia Federal, os culpados, se houver, devem assumir suas responsabilidades”.

O deputado Wilson Filho negou as acusações e disse que “não tem nenhum tipo de indicação política para cargos na Secretaria de Registro Sindical, no referido ministério, e que está tranquilo quanto às investigações realizadas pela Polícia Federal”.