Correio braziliense, n. 20095, 25/05/2018. Política, p. 21

 

"Serei o candidato do Bolsonaro"

Helena Mader

29/05/2018

 

 

POLÍTICA » Em entrevista ao programa CB.Poder, o general Paulo Chagas, pré-candidato do PRP ao Buriti, falou sobre a greve dos caminhoneiros e disse contar com o apoio do deputado do PSL. "Ele tem uma visibilidade muitíssimo maior do que a minha"

Pré-candidato ao Palácio do Buriti, o general Paulo Chagas (PRP) aposta na popularidade do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) para conquistar eleitores em outubro. Apesar do grande número de políticos que esperam contar com o apoio do parlamentar, o militar garante que será o único representante de Bolsonaro na capital federal. “Tenho certeza de que serei só eu o candidato dele”, garantiu, em entrevista ao programa CB.Poder. Além de Paulo Chagas, o federal Alberto Fraga (DEM-DF), por exemplo, contava com a presença de Bolsonaro em seu palanque.

“Não tenho nada contra ele (Fraga). Tenho certeza de que ele tem as mesmas intenções que eu de fazer um governo honesto, transparente, dedicado às pessoas que aqui vivem e que nos delegaram essa função. Não tenho nenhuma razão de me contrapor a ele”, justifica Paulo Chagas. O pré-candidato do PRP, entretanto, reconhece que só o apoio de Bolsonaro não é suficiente. “Julgo que é muito boa essa identidade de propósitos porque ele tem uma visibilidade muitíssimo maior do que a minha. O apoio dele à minha pré-candidatura é muito bom e muito importante para mim”.

Durante a entrevista, transmitida ao vivo pela TV Brasília e pelo Facebook do Correio Braziliense, Chagas contou como surgiu o desejo de concorrer ao Palácio do Buriti. “Decidi entrar na política pela minha própria formação militar. Estamos vivendo um momento de mudança, em que eu, como cidadão, desacredito dessa classe política que temos hoje. Precisamos mudar o perfil do político para que sirva à sociedade. Achei que deveria me oferecer como opção”, explicou.

O militar negou a possibilidade de aceitar o cargo de candidato a vice-governador em outra chapa. “Não serei vice de ninguém. Eu aceitaria se quisesse entrar para a política, mas não quero. Minha intenção é fazer uma incursão como cidadão que quer promover mudança”, justificou.

O general da reserva também falou sobre a crise nacional gerada pela greve dos caminhoneiros e repercutiu a atuação das Forças Armadas para tentar pôr um fim à obstrução das rodovias brasileiras. “As Forças Armadas foram empregadas para resolver a crise, como o instrumento mais poderoso que o presidente tem para esse tipo de ação. Ele tem esse poder, esse direito, e ele empregou as Forças Armadas como instrumento para resolver a interdição das vias, para que a vida volte ao normal”.

Apesar de classificar como legítima a paralisação dos caminhoneiros, Chagas acredita que o movimento deve chegar ao fim. “Para tudo tem que haver um senso de medida. Os caminhoneiros sabiam que haveria interferência na vida de todos os cidadãos. Neste momento, eles estão no limiar de perder a legitimidade”, explica. “Eles tiveram as demandas atendidas e estão prolongando essa manifestação, que eu prefiro chamar de demonstração”.

Sobre a especulação de segmentos da sociedade a respeito de uma possível intervenção militar, Chagas disse que “é uma incoerência falar em intervenção militar e apoiar o candidato Bolsonaro”. “Ele só será presidente da República se houver eleição. Qualquer intervenção na política tem que ser pelo voto. Se não for pelo voto, vai ser uma intervenção militar violenta, qualquer coisa assim, para eliminar uma ameaça mais grave”, argumentou o general. “Uma intervenção militar só se justifica se o mal que ela quer evitar for maior que o mal que ela causar”. Para ele, a medida só poderia ser cogitada em caso de “anomia,  uma situação de desrespeito total às instituições, à lei, à ordem”.