Correio braziliense, n. 20094, 28/05/2018. Cidades, p. 17

Aulas suspensas e restrições na saúde

Ailim Cabral e Renato Alves

28/05/2018

Governo garante a manutenção da maioria dos serviços públicos no DF hoje. No entanto, escolas continuam com atividades suspensas, assim como parte da rede de atendimento aos pacientes

Suspensão em todas as aulas da rede pública de ensino e em algumas escolas e faculdades particulares. Nada de cirurgias eletivas e atendimento do programa Saúde da Família. Ônibus que partem das cidades goianas vizinhas operam em menor número. Filas nos postos de combustíveis devem se manter longas, e os preços, bem acima do que era praticado antes da paralisação. Esses são os principais reflexos da greve nacional dos caminhoneiros no Distrito Federal e Entorno, hoje, oitavo dia do movimento.

As aulas das escolas públicas estão suspensas desde sexta-feira, prejudicando 460 mil estudantes. O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), pediu que as creches conveniadas recebam os alunos mais novos afetados pela decisão, para que os pais possam trabalhar. O conteúdo será reposto depois, em calendário a ser definido pela Secretaria de Educação. “Entendemos que haveria ausência de muitos alunos e professores e compreendemos os prejuízos aos conteúdos pedagógicos”, afirmou Rollemberg, em entrevista coletiva, ontem, após reunião com o gabinete integrado de acompanhamento da crise.

Na área de saúde, a ordem do governador é que as unidades se concentrem nos atendimentos de urgência e de emergência. Hoje será feito o reabastecimento de óleo de caldeiro nos hospitais da rede pública. O estoque atual só dura até amanhã. O material é usado para aquecer água nos hospitais do Gama, do Paranoá e de Santa Maria, por exemplo. A possibilidade do retorno de todos os serviços amanhã será avaliada em uma nova reunião entre os governadores, secretários e presidentes de estatais, hoje.

Ainda na área da saúde, há oxigênio e alimentação suficientes para que os hospitais do DF funcionem por mais uma semana. “Estamos bem abastecidos, tivemos mais de 200 caminhões chegando no sábado”, informou o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, que também estava na coletiva à imprensa ontem.

Gás de cozinha

A prioridade do GDF agora é garantir o abastecimento de gás liquefeito de petróleo (GLP) — o gás de cozinha — e de álcool anidro, usado na mistura com a gasolina para baratear o combustível e reduzir a emissão de poluentes. Para isso, o Executivo local pediu o apoio do Exército Brasileiro para a escolta de 22 caminhões até Betim (MG), onde os produtos devem ser buscados hoje. Ontem, 64 caminhões foram escoltados pela Polícia Militar para os postos de combustíveis. Além disso, cinco veículos com GLP vinham de Catalão (GO), com escolta da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal, com previsão de chegada até o fim da noite.

Transporte garantido

Os ônibus do sistema de transporte público do DF rodam normalmente hoje, pois, com o apoio da PM, as empresas conseguiram abastecer os veículos no fim de semana. O Metrô-DF também funciona hoje regularmente. Se houver necessidade, o serviço poderá ser ampliado nos horários de pico, segundo a assessoria de comunicação da empresa. Já o transporte rodoviário tem combustível suficiente para funcionar só até amanhã, assim como os serviços de limpeza urbana. O SLU continuará realizando o trabalho de coleta de lixo domiciliar e de limpeza e reitera a necessidade de a população continuar colaborando.

Está garantido o abastecimento prioritário de veículos de serviços essenciais, como saúde, segurança, bombeiros e para atendimentos emergenciais da Companhia Energética de Brasília (CEB) e da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). Rollemberg garantiu que o Procon-DF e a Polícia Civil “intensificarão a fiscalização em postos de combustíveis para reprimir qualquer tipo de abuso econômico neste momento de crise”.

Ações de governo

Formado na quinta-feira para coordenar e articular as ações do governo local durante a paralisação dos serviços de transportes, o gabinete integrado de acompanhamento foi instituído oficialmente por meio de portaria, publicada no Diário Oficial do DF de sexta-feira.

Frase

"Entendemos que haveria ausência de muitos alunos e professores e compreendemos os prejuízos aos conteúdos pedagógicos”

Rodrigo Rollemberg, governador do DF

Balanço

170

Quantidade de caminhões escoltados pela PM transportando gasolina, diesel, gás de cozinha, álcool anidro (usado na mistura da gasolina), sulfato de alumínio, entre outros produtos.

2,6  milhões

Quantidade de litros de gasolina liberados. Foram transportados também 370 mil litros de diesel e 30 mil litros de etanol.