O Estado de São Paulo, n. 45490, 05/05/2018. Política, p. A8.

 

Temer indica que não disputará eleição

Renan Truffi, Tânia Monteiro e Felipe Frazão

05/05/2018

 

 

O presidente Michel Temer sinalizou ontem, em entrevista à emissora de TV estatal NBR, a possibilidade de não concorrer à reeleição e criticou o número de pré-candidaturas de centro ao Palácio do Planalto. Temer ressaltou, porém, que a decisão sobre uma eventual candidatura será tomada em julho, quando começam as convenções partidárias para a escolha dos candidatos.

Ao ser questionado se o clima político acirrado e o episódio de hostilidades que enfrentou em São Paulo nesta semana, ao visitar o local onde um prédio desabou, poderiam fazê-lo desistir da candidatura, Temer respondeu: “Não seria esse fato que me faria desistir da reeleição”.

Foi quando criticou o excesso de pré-candidaturas do centro. “Eu posso não ir para a reeleição na medida que eu comece a perceber o seguinte: você tem muitos candidatos. Vejo que no chamado centro tem seis, sete, oito candidaturas, o que não é útil porque você tem que fazer com que o eleitor faça suas opções”.

Com 1% das intenções de voto em pesquisas, Temer enfrenta ainda o “fantasma” da possibilidade de vir a ser alvo de uma terceira denúncia da Procuradoria-Geral da República. Segundo o presidente, “essa (suposta terceira denúncia) seria mais pífia, de menor dimensão que as anteriores”. “Há apenas uma campanha deliberada para tentar enfraquecer o governo”, disse Temer na entrevista.

No Palácio do Planalto, o clima nos bastidores em relação a uma eventual campanha presidencial mudou. Até o início do mês passado, auxiliares do presidente falavam em montar agendas para intensificar as viagens do presidente.

 

Cenário. Nos últimos dias, o tom do discurso nos bastidores do palácio passou a ser o de ressaltar a importância do “legado econômico” do emedebista durante a campanha eleitoral.

Auxiliares do emedebista sinalizam que ele não tem chance de ser reeleito, mas ainda quer manter influência na sucessão e tentar conseguir construir uma candidatura de centro. Nesse cenário, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) seria uma alternativa para manter a defesa da política econômica do governo.

Temer e o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato tucano à Presidência, voltaram a se aproximar. O objetivo seria a discussão de um acordo que reunifique o centro político, como mostrou o Estado em abril. Pela proposta, a chapa presidencial pode ser encabeçada pelo tucano com Meirelles de vice. Esta opção, no entanto, ainda encontra resistência do ex-ministro, que tem dito que prefere encabeçar chapa.

Auxiliares de Temer que defendem a candidatura dele dizem que o presidente tem reclamado do desgaste das investigações e que a postura de pré-candidato faz dele um alvo. Afirmam que Temer ainda tem prazo para tomar uma decisão final. Argumentam, por exemplo, que a declaração à NBR serviu mais para reafirmar a disposição de manter o diálogo para uma futura composição e que uma candidatura forte de centro é o mais importante.

Na próxima semana, Temer terá mais reuniões políticas de sondagem sobre o futuro eleitoral do partido. Ele vai se reunir para jantar no Palácio da Alvorada com dirigentes estaduais do MDB, na terça-feira. Na véspera, terá reunião com líderes da base aliada da Câmara dos Deputados, no Palácio do Planalto. Na sexta-feira que vem, pretende promover um evento com todos os ministros para marcar os dois anos na Presidência.

 

São Paulo

Presidente Michel Temer discursa durante evento organizado por uma faculdade na capital paulista

 

Excesso

“Eu posso não ir para a reeleição na medida que eu comece a perceber o seguinte: você tem muitos candidatos”

Michel Temer

PRESIDENTE DA REPÚBLICA