O Estado de São Paulo, n. 45479, 24/04/2018. Política, p. A4.

 

Temer tenta ponte com o PSDB, Skaf reage em SP

Pedro Venceslau e Adriana Ferraz

24/04/2018

 

 

Com aval do presidente Michel Temer, representantes do Palácio do Planalto voltaram a admitir a possibilidade de uma chapa unificada do centro para a disputa presidencial. A articulação passaria por um acordo similar em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, o que deixou em alerta o empresário Paulo Skaf, pré-candidato emedebista no Estado. Ele decidiu antecipar o lançamento oficial de sua pré-candidatura para o dia 5 de maio.

Aliados de Temer reconhecem que a candidatura à reeleição do presidente tem como prazo de validade a primeira semana de julho, tendo em vista o atual desempenho dele nas pesquisas de intenção de voto (2% no melhor cenário da mais recente pesquisa Datafolha) e o risco de ele ser denunciado pela terceira vez pela Procuradoria-Geral da República.

Se os índices de intenção de voto permanecerem no mesmo patamar até lá, tanto o MDB como o governo federal tendem a declarar apoio a outro candidato do mesmo campo político. O governo, porém, pressiona Geraldo Alckmin (PSDB) para que o ex-governador de São Paulo defenda o “legado” do presidente na campanha.

O assunto foi tratado nos bastidores no 17.° Fórum Empresarial do Lide, evento que reuniu empresários e políticos de centro-direita na semana passada no Recife. “Alckmin vai ter que assumir claramente suas posições. Dependendo de quais forem elas, ele pode ser uma alternativa para o governo. Mas ninguém ganha eleição em cima do muro”, disse o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, em conversa com jornalistas no evento empresarial.

Ainda segundo Marun, o governo pode conversar também com outros pré-candidatos à Presidência que aceitem defender na campanha a atual administração federal. Marun excluiu desse cenário, porém, o ex-presidente do Supremo Tribunal Joaquim Barbosa, que pode concorrer pelo PSB.

 

‘Afunilamento’. Alckmin defendeu ontem um “afunilamento” das candidaturas de centro diante do excesso de partidos que já anunciaram nomes para a sucessão presidencial. O tucano disse ser possível uma aproximação do PSDB com partidos que já lançaram concorrentes, mas não citou siglas que poderiam se aliar à sua candidatura.

“Não vou citar partidos, porque essas questões não dependem de nós, dependem dos partidos. Mas acho que é possível, sim”, afirmou Alckmin. “É natural que se reduza o número de candidaturas, que se busque entendimento em torno de um projeto para o Brasil.”

A possibilidade de uma aliança entre MDB e PSDB foi discutida no fim de semana, em São Paulo, entre Temer e o ex-prefeito da capital João Doria, précandidato tucano ao governo. O presidente também se reuniu separadamente com Skaf, também pré-candidato ao governo paulista, e com o governador Márcio França (PSB), que vai disputar a reeleição. Parte interessada em um acordo, Doria tenta criar pontes entre o Planalto e Alckmin nesse processo.

“Temos esperança de uma aliança com o MDB em São Paulo. Se isso acontecer, ganhamos a eleição no primeiro turno”, afirmou o presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada na semana passada, Doria é líder nas pesquisas, com 29% das intenções de voto.

Incomodado com a movimentação que pode favorecer Doria, o presidente da Fiesp decidiu antecipar o lançamento oficial de sua pré-candidatura ao governo do Estado para 5 de maio, em Jaguariúna, no interior paulista. Interlocutores de Alckmin dizem que o tucano estaria disposto a abrir um canal de diálogo direto com Temer, mas avaliam que há hoje uma divisão no MDB.

Parte da legenda ainda aposta na candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (mais informações nesta página), enquanto os líderes regionais preferem uma alternativa mais consistente para evitar uma redução da bancada na Câmara. / COLABOROU EDUARDO LAGUNA

 

Tamanho

963

prefeituras tem o MDB em todo o País; em São Paulo, são 87

 

51

é o número de deputados federais do partido; por São Paulo, são 4 parlamentares emedebistas

 

19

senadores são do MDB atualmente; por São Paulo, são 2

 

7.935

é o número de vereadores do partido no País; em São Paulo, são 677

 

3.385

diretórios municipais tem o MDB em todo o País