O Estado de São Paulo, n. 45488, 03/05/2018. Política, p. A17

 

Cristovam formulará plano para Alckmin

Pedro Venceslau e Gustavo Porto

03/05/2018

 

 

Ministro da Educação no primeiro governo Lula, senador do PPS afirma que vai propor a federalização ‘voluntária’ do ensino municipal

O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) aceitou convite do pré-candidato do PSDB à Presidência, o ex-governador Geraldo Alckmin, para integrar a equipe que vai formular o plano de governo do tucano para a educação. Ministro da área na primeira gestão do petista Luiz Inácio Lula da Silva e candidato à Presidência em 2006 pelo PDT, Cristovam já tem uma proposta para a campanha de Alckmin: a federalização do ensino municipal.

“Vou apresentar dois conjuntos de sugestões. Um deles é o governo federal adotar a educação de algumas cidades brasileiras que não têm condições de dar boa educação para suas crianças. É a federalização da educação municipal, mas de forma voluntária”, afirmou.

A segunda proposta é criar um programa federal para formar gestores e diretores de escolas públicas.

O senador disse que também conversou “longamente” com a ex-ministra Marina Silva, précandidata à Presidência pela Rede, e com o senador Álvaro Dias, presidenciável do Podemos, mas só Alckmin fez a ele um convite formal.

“Conversei dia desses longamente com a Marina, e falo sempre com o Álvaro no Senado, mas o único que veio no meu gabinete e pediu formalmente foi o Alckmin”, afirmou.

Cristovam chegou a se apresentar como pré-candidato à Presidente ao PPS, mas abriu mão da postulação.

“O PPS decidiu não ter candidato próprio para pode ajudar na consolidação da chapa do que chamam por aí de centro, mas que eu prefiro chamar de não extremos”, afirmou.

Pluripartidário. Já fazem parte da equipe do presidenciável do PSDB o economista Persio Arida, como coordenador da área econômica, e o sociólogo Luiz Felipe D’Ávila, que participa da coordenação na área social. Segundo interlocutores do ex-governador, a ideia no PSDB é chamar também quadros de outras siglas e montar uma equipe pluripartidária para formular o programa de governo de Alckmin.

Segundo a Coluna do Estadão, o ex-governador pretende dar destaque ao Nordeste e elaborar um plano de governo específico para a região. Os tucanos estão preocupados com o desempenho de Alckmin nos estados nordestinos, que somam 26,3% do eleitorado. O ex-governador quer extrapolar a defesa da manutenção do Bolsa Família. O partido ainda não definiu quem vai elaborar as propostas para a região.

‘Compromisso’. Em Ribeirão Preto, durante visita à 25.ª Agrishow, Alckmin evitou polêmica ao comentar a eventual disputa entre o atual governador Márcio França (PSB) e o ex-prefeito João Doria (PSDB) pelo legado de seu governo. “Os dois têm compromissos importantes”, afirmou o ex-governador tucano. “Márcio França com o governo, se preparou para isso, e João Doria é o candidato do nosso partido. Acho que os dois vão fazer avançar ainda mais”, concluiu.

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Aos 90, Paulo Egydio mantém olhar político

03/05/2018

 

 

Eleições / Tucano defende candidatura de Alckmin e uma aliança entre PSDB e MDB na campanha

O ex-governador Paulo Egydio Martins, 90 anos completados ontem, mantém olhar atento ao cenário político atual e à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A Justiça é o ponto alto da democracia. Devemos apoiar a Justiça de qualquer maneira, em todos os níveis. As medidas no Judiciário são muito boas para passar o Brasil a limpo”, disse ele, ao Estado.

Filiado ao PSDB (ele não se lembra quando assinou a ficha), ele cobrou apuração rigorosa das denúncias contra o senador Aécio Neves (MG), réu no STF por corrupção passiva e obstrução de Justiça após ser flagrado pedindo dinheiro ao empresário Joesley Batista.

Sobre o cenário político atual, o ex-governador celebrou uma eventual aproximação entre o pré-candidato tucano Geraldo Alckmin (seu candidato), e o presidente Michel Temer.

“Tudo que puder reforçar a candidatura do Alckmin é coisa boa, desde que ele não se associe a bandidos. Me consta que Temer não é bandido. Essa é uma associação que reforça o Alckmin, por isso considero muito importante”, disse ele.

Chefe do Executivo paulista entre 1975 e 1979, Paulo Egydio Martins era aliado do então presidente Ernesto Geisel e opositor da chamada linha dura do governo quando enfrentou sua maior crise política: o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI-Codi, no dia 25 de outubro de 1975.

Em depoimento à Comissão da Verdade de São Paulo em 2013, ele disse que o crime fazia parte de um plano para endurecer ainda mais o regime. “Queriam um regime mais forte, mais violento”, afirmou.

Filiado à época à Arena – partido do regime –, ele se opôs à estratégia do general Ednardo Dávila Melo, comandante do 2.º Exército, que queria “aprofundar” o combate aos que tentavam “subverter” o governo. Em janeiro de 1976, ele foi o primeiro a informar ao presidente sobre o assassinato do operário Manuel Fiel Filho. O crime levou Geisel a exonerar Ednardo do seu posto. /P.V.

 

Aliança

Paulo Egydio (em imagens de 1965 e 2007) defende acordo em PSDB e' MDB