Correio braziliense, n. 20119, 22/06/2018. Brasil, p. 4

 

Desmatamento cai 32% na região do cerrado

Alessandra Azevedo

22/06/2018

 

 

MEIO AMBIENTE » Mesmo com redução, área devastada entre 2016 e 2017 equivale a duas vezes o tamanho do Distrito Federal.

O desmatamento no Cerrado brasileiro, segundo maior bioma natural do país, tem diminuído nos últimos dois anos, embora a perda de cobertura vegetal já chegue a 51% da região. Entre 2016 e 2017, foram devastados 14.185km², área superior a duas vezes o tamanho do Distrito Federal ou 1 milhão de campos de futebol, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Meio Ambiente.

Por monitoramento via satélite, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) constatou o desmatamento 7.408km² em 2017, o que representa a uma redução de 38% em relação a 2015, quando a extensão era de 11.881km². Em 2016, 6.777km² de vegetação nativa foram perdidos.

Com o resultado do biênio melhor que o dos anos anteriores, a pasta cumpre, com três anos de antecedência, a meta da Política Nacional sobre Mudança do Clima, apontou o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte. O objetivo firmado em 2009 era de diminuir em 40% o desflorestamento no Cerrado até 2020 em relação à média anual entre 1999 e 2005, de 15.700km² — ou seja, reduzir a 9.420km² a área desmatada no ano.

O ministro comemorou os números “expressivos” — resultado, segundo ele, de um conjunto de ações que devem ser mantidas e ampliadas — mas ressaltou que eles “não representam conformismo”. “É um indicativo que precisamos continuar com aquilo que já estamos fazendo e ampliando ainda mais as nossas ações no Cerrado”, disse.

Ações

Uma das atitudes que o ministério tem tomado para otimizar os resultados é a intensificação do diálogo com o setor produtivo, afirmou Duarte. Segundo ele, as conversas estão avançadas com a cadeia da soja e da carne. Os dados divulgados ontem apontam que 67% do desmatamento no Cerrado é causado pela pecuária e 27%, pela agricultura.

A área divulgada inclui o desmatamento autorizado e o ilegal. O ministro afirmou que fortalecerá o combate ao segundo tipo. “A nossa tolerância será sempre zero para o crime em qualquer um dos biomas. Não permitiremos. Intensificaremos nossas ações, protegendo todos aqueles que estão produzindo dentro da lei e ajudando o país a se desenvolver”, declarou.