Título: Gasolina terá reajuste
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Fonte: Correio Braziliense, 18/04/2012, Economia, p. 10

Petrobras estima o preço do barril do petróleo até o fim do ano em um novo patamar, de US$ 119, o que deverá forçar um reajuste de preço dos combustíveis no Brasil ainda neste ano. A previsão foi feita ontem pela presidente da estatal, Maria das Graças Foster. Ela disse que "há um novo patamar de preço" e que "está certo" que em 2012 haverá repasse do valor para os combustíveis. "Expectativa de reajuste, se será em um, dois, três ou seis meses, eu não sei", declarou.

Graça Foster, como prefere ser chamada, acrescentou ainda que está "sistematicamente conversando com o controlador (da empresa, o governo)" sobre reajuste de combustível. Na sua avaliação, as incertezas geopolíticas devem manter as cotações no mercado internacional elevadas. Um eventual reajuste interno depende de todas as variáveis envolvidas. Os dados, ressaltou a executiva, são mensalmente apresentados nas reuniões de Conselho de Administração da companhia.

Ontem, o petróleo tipo Brent, no qual se baliza o mercado brasileiro, fechou em US$ 118,78 o barril. No plano de negócios da Petrobras para o período 2011-2015, divulgado no ano passado, a estimativa de preço foi fixada entre US$ 80 e US$ 95 barril de 2012 em diante. O novo plano (2012-2016) ainda não foi divulgado.

Segundo a presidente da Petrobras, é preciso diminuir a dependência das importações de gasolina, que afetaram os resultados da estatal no ano passado, para garantir a capacidade de investimento da empresa. "Esperamos voltar a ter lucro (na área de abastecimento) como tivemos em 2009 e 2010. Mas, agora, temos que minimizar a importação para não ficarmos expostos à volatilidade", ressaltou.

Inflação Um valor mais alto da gasolina, com o eventual repasse de preço do petróleo, acredita Graça Foster, poderá aumentar a competitividade do etanol no Brasil, o que diminuiria a necessidade de importação de derivados de petróleo. A Petrobras também produz etanol por meio de parcerias no setor. Apesar disso, uma alta da gasolina poderá dar margem para um aumento do preço biocombustível, uma medida há muito reivindicada pelos usineiros, que nos últimos tempos privilegiaram a produção de açúcar, produto mais bem remunerado no mercado. O governo, por outro lado, tem evitado reajustar os combustíveis, temendo um impacto inflacionário, a exemplo da disparada verificada no ano passado. (SR)

US$ 119 Preço do barril estimado para até o fim de 2012