O Estado de São Paulo, n. 45496, 11/05/2018. Política, p. A6

 

MP acusa petista de tentativa de homicídio

Luiz Vassallo

11/05/2018

 

 

Agressão no Instituto Lula foi cometida por motivo torpe e meio cruel, afirma promotor

O promotor Luiz Eduardo Levit Zilberman denunciou o ex-vereador Manoel Eduardo Marinho, o “Maninho do PT”, e seu filho, Leandro Eduardo Marinho, por tentativa de homicídio doloso contra o empresário Carlos Alberto Bettoni, no dia 5 de abril, em frente à sede do Instituto Lula, em São Paulo. Segundo o promotor, o crime foi cometido por motivo torpe “decorrente de intolerância diante da suposição de que a vítima estivesse no local a protestar contra o expresidente da República e seus apoiadores políticos” e com emprego de meio cruel.

Zilberman pediu o arquivamento do caso em relação ao sindicalista Paulo Cayres, conhecido como “Paulão”, que chegou a ser indiciado.

Bettoni foi agredido após gritar palavras de ordem contra petistas que se encontravam em frente ao Instituto Lula poucas horas depois da expedição da ordem de prisão contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “À certa altura, quando Carlos Alberto já estava na via e fora da calçada, os indiciados, mesmo percebendo a aproximação de um caminhão pela via, assumindo  e aceitando os riscos de produzir o resultado morte, empurraram derradeiramente a vítima em direção à rua com violência”, relatou o promotor.

Bettoni bateu a cabeça na lateral de um caminhão e teve de ser hospitalizado. Ele passou por uma cirurgia após passar dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Para o promotor, pai e filho não prestaram atendimento ao empresário desacordado na rua e se afastaram, “dando claras mostras de que o resultado morte lhes era absolutamente indiferente”.

“O crime foi cometido com emprego de meio cruel eis que, ao projetarem a vítima com empurrões em direção à via por onde trafegava veículo de grande porte, os indiciados elegeram, para prática delitiva, meio apto a provocar no ofendido intenso e atroz sofrimento físico, em contraste com o mais elementar sentimento de piedade humana”, concluiu.

‘Paulão’. Em relação a “Paulão”, o Ministério Público justificou o pedido de arquivamento afirmando que “a agressão por ele perpetrada resumiu-se a um chute contra o ofendido (Bettoni) quando ele ainda estava na calçada”.

A defesa dos acusados não foi localizada ontem. O advogado Daniel Bialski, que defende Bettoni, disse que “é evidente” que se trata de um caso de homicídio, “que não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos agressores”. “Esperemos agora a punição exemplar dos autores deste hediondo ato”, afirmou Bialski.

 

Denúncia

O ex-vereador Manoel Eduardo Marinho é acusado de agredir empresário em frente ao Instituto Lula em SP

 

Derrotas de Lula no STF

Celso de Mello negou recurso pela reversão da prisão de Lula – placar no plenário virtual da 2ª Turma foi de 5 a 0 contra o petista. Outro pedido sobre execução da pena foi rejeitado por Fachin.