Título: Reinado dura pouco
Autor: Mainenti, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 18/04/2012, Economia, p. 11
FMI prevê que a Inglaterra voltará para a sexta posição na economia global e o Brasil retornará ao sétimo lugar
A comemorada posição do Brasil como 6ª maior economia do planeta vai durar muito pouco. No relatório World Economic Outlook, em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) faz uma análise da economia global, o país retorna ao 7º lugar, sendo ultrapassado pelo Reino Unido ainda em 2012. No ano passado, a economia brasileira alcançou US$ 2,492 trilhões, ultrapassando pela primeira vez a britânica, que atingiu US$ 2,422 trilhões.
Embora a projeção seja de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá mais do que o do Reino Unido, em dólares ele ficará abaixo. A razão é que o FMI aposta na depreciação do real frente à moeda norte-americana e, ao contrário, projeta uma valorização da libra frente ao dólar em 2012. No ano passado, aconteceu o movimento oposto, ou seja, o real apreciou-se mais do que a libra em relação à moeda norte-americana. Pelas contas do fundo, o PIB brasileiro irá crescer 3% em 2012, somando US$ 2,449 trilhões, e o britânico, 0,8%, chegando a US$ 2,452 trilhões.
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde — segundo a qual o Brasil não pode atribuir aos Estados Unidos e à Europa a responsabilidade pela valorização do real, conforme sugeriu a presidente brasileira, Dilma Rousseff, ao norte-americano Barack Obama — ressaltou que, para atingir os objetivos de crescimento e estabilidade, o mundo precisa de "um setor financeiro mais forte e seguro, que coloque os interesses da sociedade à frente do ganho monetário".
Queda dos juros No relatório, o fundo faz uma crítica ao afrouxamento monetário brasileiro, afirmando que "seria prematuro relaxar as configurações da política enquanto a inflação ainda está acima da mediana da faixa da meta e com tendência de alta". O mercado prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciará nesta quarta-feira um corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica da economia (Selic), atualmente em 9,75% ao ano.
Os riscos de um superaquecimento no Brasil diminuíram depois que políticas macroeconômicas começaram a dar frutos e o ambiente externo enfraqueceu, disse o fundo. "Entretanto, o crédito elevado e o crescimento das importações sugerem que os riscos de superaquecimento não estão completamente sob controle e podem ressurgir se os fluxos de capital retornarem aos níveis anteriores", alertou.
O fundo apontou que o desempenho no terceiro trimestre ocorreu dentro do esperado. "O PIB de muitas economias emergentes foi de certa forma mais fraco que o esperado, mas o crescimento surpreendeu para o positivo nas economias avançadas", disse o texto. Uma virada negativa no quarto trimestre é atribuída principalmente à Zona do Euro.
O fundo projeta que a América Latina terá expansão de 3,7% em 2012 e de 4,1% em 2013, uma leve revisão para cima em relação a janeiro, quando estimou um crescimento de 3,6% e 3,9%, respectivamente. Já a China crescerá acima de 8% em 2012 e 2013. Impulsionado pelo consumo e pelo investimento, o PIB terá expansão de 8,2% este ano e 8,8% no próximo. O país, que constitui com Brasil, Índia, Rússia e África do Sul o bloco Brics, teve as exportações afetadas pela crise da dívida na Europa, o maior mercado, o que levou o governo chinês a reduzir sua meta de crescimento para este ano a 7,5%, contra 8% dos anos anteriores.
O FMI revê, para cima, as estimativas de crescimento para o mundo, mas faz uma série de ressalvas sobre a debilidade da atividade
Regiões ou países / Crescimento em 2012 / Avanço em 2013
Estados Unidos / 2,1 /2,4 Zona do Euro / -0,3 / 0,9 Alemanha / 0,6 / 1,5 França / 0,5 / 1,0 Itália / -1,9 / -0,3 Espanha / -1,8 / 0,1 Japão / 2,0 / 1,7 Grã-Bretanha / 0,8 / 2,0 Canadá / 2,1 / 2,2 China / 8,2 / 8,8 Índia / 6,9 / 7,3 Brasil / 3,0 / 4,1 México / 3,6 /3,7 Rússia / 4,0 / 3,9 Oriente Médio e Norte da África / 4,2 / 3,7 África Subsaariana / 5,4 / 5,3 Mundo / 3,5 / 4,1
Fonte: Fundo Monetário Internacional