Título: Justiça Eleitoral sob o comando de Cármen Lúcia
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 19/04/2012, Política, p. 13
Primeira mulher a presidir o TSE é empossada no cargo. Ela será a responsável pelas eleições municipais de outubro
A ministra Cármen Lúcia tomou posse ontem no cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em um breve discurso, destacou a importância da imprensa para a democracia e ressaltou a necessidade de uma Justiça mais célere no país. Mineira de Montes Claros, Cármen é a primeira mulher a comandar a Justiça Eleitoral brasileira. Magistrada do Supremo Tribunal Federal desde 2006, ela vai acumular funções nas duas Cortes.
A presidente do TSE ressaltou a origem durante seu pronunciamento e citou conterrâneos como Guimarães Rosa e Tancredo Neves. Destacou também que trabalhará para que a Justiça Eleitoral corresponda aos anseios da sociedade. "Quando a Justiça tarda e falha, todo o Brasil sofre. E nós, juízes, somos os primeiros a ter ciência desse descontentamento dos cidadãos com os problemas na prestação da Justiça, especialmente em sua morosidade. Mudar esse quadro é o desafio que se põe", afirmou Cármen Lúcia.
A ministra fez questão de enfatizar o papel da mídia no processo eleitoral. Segundo ela, a imprensa livre é inseparável da democracia e é uma parceira do Judiciário na concretização da Justiça. "Os jornalistas não só acompanham os feitos, mas participam do processo político, ajudando a promover o interesse público na divulgação dos fatos, na fiscalização permanente do processo e da atuação da Justiça Eleitoral. Não há eleições seguras e honestas sem a ação livre, presente e vigilante da imprensa." Após o discurso, ela recebeu um caloroso abraço da presidente Dilma Rousseff, que prestigiou a solenidade, assim como governadores, ministros, parlamentares e juristas.
Desafio
Únicos a discursar antes de Cármen Lúcia, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ressaltaram, durante a cerimônia, que a ministra terá o desafio de comandar as eleições municipais deste ano, o primeiro pleito em que estará em pleno vigor a Lei da Ficha Limpa. "Liderar as eleições municipais é sempre um grande desafio. Mas a Justiça Eleitoral continua em excelentes mãos", afirmou Gurgel. O ministro do TSE Gilson Dipp ressaltou que Cármen Lúcia vai enfrentar uma eleição municipal "pesada". "Ela vai ter que enfrentar uma nova realidade, que é a Lei da Ficha Limpa", observou.
A nova presidente do TSE substituiu o ministro Ricardo Lewandowski, que presidiu a Corte nos últimos dois anos. "Estou convicto de que a ministra Cármen Lúcia, primeira mulher a assumir esse honroso cargo, saberá levar avante a tradição de credibilidade, rapidez e eficiência que caracteriza a Justiça Eleitoral", destacou Lewandowski.
De perfil discreto, Cármen Lúcia Antunes Rocha, que completa 58 anos hoje, é especialista em direito administrativo e se destaca por lutar pelo espaço da mulher na sociedade. A ministra iniciou a carreira na advocacia privada, em 1978, e atuou como procuradora de Minas antes de ser nomeada pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para a Suprema Corte.
"Quando a Justiça tarda e falha, todo o Brasil sofre. E nós, juízes, somos os primeiros a ter ciência desse descontentamento dos cidadãos com os problemas na prestação da Justiça, especialmente em sua morosidade. Mudar esse quadro é o desafio que se põe" Cármen Lúcia, presidente do TSE