O Estado de São Paulo, n.45503 , 18/05/2018. Internacional, p.A10

ESPANHA DIZ QUE BRASILEIROS ACUSADOS DE TERRORISMO TINHAM CONTATOS NA SÍRIA

Jamil Chade

 

 

Califado no Brasil. Informações enviadas por autoridades de Madri, desde 2016, identificam no País ‘elementos de muito perigo’ e de ‘alto risco’ que se comunicavam de maneira triangular com células terroristas espanholas e jihadistas sírios

A rede de contatos dos brasileiros acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de promover o terrorismo chega à Síria, segundo informações da Espanha enviadas ao Brasil. Uma das preocupações das autoridades em Madri era a de que eventos esportivos, como a Olimpíada, pudessem ser alvo de um atentado no País.

Dados enviados ao Brasil em 2016 por autoridades da Espanha mostravam uma triangulação de informação entre brasileiros, células terroristas espanholas e pessoas na Síria. Segundo informações obtidas pelo Estado, algumas informações coletadas indicavam “elementos de muito perigo” entre os envolvidos no caso brasileiro, que eram considerados de “alto risco”.

A troca de informação começou em 2016, antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Existia, segundo pessoas envolvidas nas investigações, uma preocupação real de que as competições esportivas pudessem ser alvo de um atentado terrorista. Em algumas das informações coletadas na Espanha, os megaeventos brasileiros foram mencionados.

De acordo com as informações enviadas pela Espanha, houve um forte intercâmbio de dados desde aquele momento entre autoridades espanholas e brasileiras, com informações indicando que a Olimpíada do Rio, em 2016, poderia ser alvo de um atentado.

 

Atenção e alerta. Nos dias que antecederam aos Jogos e durante os dias de competição, a atenção foi redobrada. No entanto, mesmo após o encerramento do evento, a colaboração entre Espanha e Brasil continuou. A partir de um mapeamento de dados, do rastreamento de conversas

telefônicas e de aplicativos como WhatsApp e Telegram, foi constatado que existia uma intensa troca de informação entre Brasil, Espanha e Síria.

Nenhum dos brasileiros acusados, porém, chegou a viajar até a Síria. Mas, segundo os espanhóis, ficou claro pelas mensagens que eles foram treinados à distância. Os dados chamaram a atenção dos investigadores que, imediatamente, passaram o alerta de inteligência às autoridades brasileiras.

A partir de março de 2017, portanto, as prisões começaram a ocorrer. No entanto, a ordem era a de não desmantelar completamente a célula terrorista, para permitir justamente que os investigados pudessem manter os canais de comunicação abertos e a polícia chegasse ao maior número de envolvidos possível. Assim, outras prisões ocorreram entre outubro e dezembro de 2017. Inicialmente, 16 pessoas foram presas no Brasil. No entanto, 5 acabaram sendo libertadas por falta de provas.

 

Ligações

Integrantes do Estado Islâmico desfilam na cidade síria de Tel Abyad, perto da fronteira com a Turquia

 

Prisões

16

pessoas foram detidas no Brasil, mas 5 acabaram sendo libertadas por falta de provas

 

REPERCUSSÃO

THE GUARDIAN

Brasil acusa 11 pessoas de tentar formar célula do EI

Suspeitos discutiram pelo WhatsApp ataques no carnaval e recrutamento de jihadistas para a Síria. Dois estão presos.

 

DIÁRIO DE NOTÍCIAS

11 brasileiros acusados de promover o EI no Brasil

Segundo jornal O Estado de S. Paulo, para o MPF houve tentativa de recrutar pessoas para se juntar ao EI e discussões sobre atentados no Brasil.

 

THE JERUSALEM POST

Brasil denuncia 11 suspeitos de formar célula terrorista

Dois brasileiros continuam detidos em prisão de segurança máxima e outros cinco aguardam processo em liberdade

 

LA VANGUARDIA

MP acusa 11 brasileiros de promover o Estado Islâmico

A investigação contou com a colaboração da Guarda Civil espanhola, que detectou mensagens em uma comunidade virtual chamada “Estado do Califado no Brasil”.

 

EL ESPECTADOR

Acusam 11 pessoas de promover o EI no Brasil

Em um grupo de WhatsApp, um dos acusados sugere atentado no carnaval do Rio ou de Salvador semelhante ao da Ponte Westminster, em Londres.