Título: STF divide inquéritos sobre caso Cachoeira
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 25/04/2012, Política, p. 4

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski desmembrou ontem as investigações relativas à Operação Monte Carlo, determinando a abertura de três novos inquéritos que tramitarão no Supremo Tribunal Federal (STF). Outros três devem ser instaurados em outros foros, caso a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente o pedido. Além da investigação já existente contra o senador Demóstenes Torres (sem partido- GO), vão tramitar no STF inquéritos contra os deputados federais Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ). Lewandowski liberou três cópias do processo ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para que ele decida se vai enviar aos foros competentes o pedido de abertura de inquérito contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres.

Relator do caso no Supremo, o ministro Lewandowski determinou o desmembramento das investigações porque Agnelo, Benedito e Cachoeira não têm como foro o Supremo. Gurgel terá de pedir a abertura de inquérito contra o governador do DF no Superior Tribunal de Justiça (STJ), órgão competente para processar e julgar governadores. Em relação ao procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, irmão de Demóstenes, o inquérito deverá ser aberto no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Já Cachoeira e outros cinco suspeitos de ligação com o grupo comandado pelo bicheiro, como Cláudio Abreu, deverão ser investigados na Justiça Federal de primeira instância.

Instâncias Até o momento, no entanto, Agnelo não é formalmente investigado, uma vez que Gurgel deve antes enviar o caso ao STJ, requisitando oficialmente a abertura de inquérito. A PGR afirmou ontem, por meio da assessoria de imprensa, que pedirá formalmente a investigação no STJ. O porta-voz do GDF, Ugo Braga, afirmou que "o desmembramento terminará sendo positivo, porque a investigação feita em um instância neutra certamente redundará na inocência do governador e na desmoralização das denúncias falsas que foram feitas contra Agnelo".

A defesa de Carlinhos Cachoeira anunciou que questionará no Supremo a validade da investigação feita pela Polícia Federal, já que envolvia o senador Demóstenes Torres, e, por isso, teria que ter autorização da Suprema Corte. "A PF não analisou as falas de pessoas com prerrogativa de foro e não fazia qualquer tipo de investigação a respeito dessas pessoas", afirmou Roberto Gurgel. Segundo sua interpretação, os políticos flagrados conversando com Cachoeira eram apenas "interlocutores frequentes", mas não alvos da polícia.