O Estado de São Paulo, n. 45504, 19/05/2018. Política, p. A10

 

Alckmin contrata marqueteiro de Doria

Pedro Venceslau

19/05/2018

 

 

Presidenciável do PSDB monta estrutura de comunicação após cobrança de aliados

Pressionado por tucanos e aliados a melhorar seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) fechou na noite de quinta-feira o contrato com a equipe de comunicação que será responsável por sua campanha. Os profissionais serão remunerados pelo partido no período da pré-campanha, até 14 de agosto, e depois disso pagos com os recursos do Fundo Público Eleitoral.

Em reuniões fechadas, tucanos e aliados de outros partidos reclamam da postura de Alckmin até aqui. A avaliação de pessoas próximas ao ex-governador é que a agenda pública do tucano é tímida, as redes sociais estão sendo administradas de maneira burocrática e há pouca interação com a imprensa.

A insatisfação levou até um grupo restrito questionar a maneira pela qual Alckmin se desloca pelo País para compromissos em outros Estados. A decisão de usar aviões de carreira – uma opção mais econômica e vista até então como positiva por passar uma imagem de austeridade – foi contestada recentemente.

O grupo vê ainda a necessidade de reforçar as viagens pelo País para agendas fora da participação em feiras e eventos com outros presidenciáveis.

A última pesquisa – divulgada nesta semana, em que ele oscilou entre 4% e 8% – aumentou a pressão para que o PSDB e Alckmin profissionalizassem a campanha. Reservadamente, um integrante da executiva do PSDB lembrou que, no mesmo período na eleição de 2014, o senador mineiro Aécio Neves tinha até 20% da intenções de voto e uma estrutura profissional na pré- campanha.

Um dos primeiros contratados foi o jornalista Lula Guimarães, que será o marqueteiro da campanha de Alckmin. Lula já vinha atuando de maneira informal para o partido desde que Alckmin foi confirmado como pré-candidato. Em 2016, ele foi o responsável pela campanha vitoriosa de João Doria à prefeitura de São Paulo. O marqueteiro minimizou a situação do tucano nas pesquisas.

“Alckmin entra no jogo a partir de agora. Em 2016, o Doria chegou com 5% na boca da campanha, mas ganhou no primeiro turno”, disse ele ao Estado.

Além de Guimarães, também foram contratados o jornalista Carlos Graieb, ex-subsecretário de comunicação do governo paulista, que cuidará da assessoria de imprensa, e Marcelo Vitorino, que coordenará as redes sociais. O jornalista Márcio Aith, que também foi secretário de comunicação de Alckmin, vai coordenar o grupo ao lado de Guimarães e do cientista político Luiz Felipe Dávila.

O PSDB não revelou os valores dos contratos. A previsão do partido é que a campanha de Alckmin tenha um orçamento de R$ 70 milhões, sendo que um terço desse valor será destinado à comunicação.

Fatos políticos. Para ganhar terreno, o pré-candidato tucano vai intensificar a agenda de viagens, conceder mais entrevistas e turbinar as redes sociais com mensagens mais diretas. O ex-governador será apresentado como uma pessoa de hábitos simples. Em outra frente, será montada uma agenda de eventos para criar fatos políticos.

O primeiro deles já aconteceu anteontem. O governador convocou a imprensa para anunciar a equipe que será responsável pela elaboração de seu programa econômico de governo. Na ocasião, ele apresentou o economista Edmar Bacha como responsável pelas propostas de comércio exterior na campanha. Na semana que vem, o ex-governador vai ao Rio de Janeiro, que está sob intervenção federal na área de segurança pública, para anunciar os formuladores do seu plano para o setor. O economista Leandro Piquet Carneiro será anunciado como o coordenador da área .

 

Agenda

Geraldo Alckmin vai intensificar viagens, entrevistas e investir nas redes sociais

 

Tucanos

“Alckmin entra no jogo a partir de agora. Em 2016 o Doria chegou com 5% na boca da campanha, mas ganhou no primeiro turno.”

Lula Guimarães​, MARQUETEIRO DE GERALDO ALCKMIN

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Tucano tem boa relação com MG, afirma Anastasia

José Maria Tomazela

19/05/2018

 

 

Pré-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, o senador Antônio Anastasia disse que pretende fazer “muitas caminhadas pelo Estado” com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato tucano à Presidência da República. “O governador Alckmin tem com Minas uma relação muito próxima, não só pela ascendência familiar, pois seu avô é mineiro, mas porque tem uma identidade com o Estado”, disse ele, na cidade mineira de Poços de Caldas.

Anastasia e Alckmin, presidente nacional do PSDB, se encontraram ontem à noite em um hotel para discutir estratégias de campanha no Estado. Ao chegar para a reunião, o exgovernador de São Paulo foi alvo de protestos de manifestantes que disseram ser “da sociedade livre” e seguravam cartazes com os dizeres “cadê o dinheiro da merenda” e “governador que agride professor” e gritavam palavras de ordem, como “golpista”.

Alckmin não falou com a reportagem. Anastasia disse que o PSDB “sabe a importância” de um bom resultado eleitoral em Minas após o desempenho do partido na última eleição. Em 2014, os candidatos do PSDB à Presidência, Aécio Neves, e ao governo do Estado, Pimenta da Veiga, foram derrotados em Minas, ambos por concorrentes petistas.

Aécio. Anastasia disse ontem que o senador tucano Aécio Neves não será candidato à reeleição em outubro. “O Aécio não será. Ainda estamos discutindo os nomes, mas não vai ser ele”, disse. Questionado sobre os motivos da desistência de Aécio de tentar um novo mandato no Senado, ele respondeu apenas que “não vai ser”, sem dar mais detalhes. Sobre a possibilidade de o senador tucano concorrer à Câmara dos Deputados, Anastasia disse que essa possibilidade “está sendo considerada”.