Valor econômico, v. 18, n. 4498, 08/05/2018. Brasil, p. A4.

 

Investimento desacelerou no 1º trimestre, aponta Ipea

Ana Conceição

08/05/2018

 

 

Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram forte desaceleração na formação bruta de capital fixo (FBCF), medida do que se investe em máquinas, equipamentos, inovação e construção civil, no início deste ano.

O crescimento de 0,3% no primeiro trimestre ante o último de 2017, feito o ajuste sazonal, foi a quarta taxa positiva dessa linha do Produto Interno Bruto (PIB), mas contrasta com a alta de 1,96% registrada no quarto trimestre do ano passado. Em 2017, houve queda de 0,56% no primeiro trimestre, aumento de 0,4% no segundo e alta de 1,84% no terceiro, sempre na série com ajuste sazonal.

Apenas em março, a formação bruta de capital fixo subiu 0,8% ante fevereiro, quando houve aumento de 1,9%. Em janeiro, o investimento caiu 4,9% ante dezembro, feitos os ajustes sazonais.

De um lado, o investimento no primeiro trimestre foi prejudicado pelos dados ainda frágeis da construção civil e pela categoria "outros", que engloba itens tão díspares como propriedade intelectual e lavouras permanentes, gado de reprodução, etc. De outro lado, o consumo aparente de máquinas e equipamentos continuou a subir, indicando que continua o movimento de modernização do parque produtivo do país após anos de estagnação e deterioração.

No primeiro trimestre, enquanto a construção civil caiu 0,6%, a categoria "outros" recuou 1,9% e o consumo aparente aumentou 2,4%, todos ante o último trimestre de 2017, feito o ajuste sazonal.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, apenas a construção civil exibe queda, de 0,9%. A categoria "outros" sobe 0,8% e o consumo aparente de máquinas e equipamentos lidera com alta de 15,7%. Na média, a formação bruta de capital fixo sobe 3,3% sobre os primeiros três meses de 2017, também uma taxa menor que a do quarto trimestre do ano passado, de 3,8%.

A desaceleração dos investimentos é mais um dado a mostrar uma recuperação mais lenta que a esperada na economia. Na semana passada, o IBGE informou que a produção industrial de março surpreendeu ao cair 0,1%, quando se esperava alta de 0,5% ante fevereiro. No trimestre, o setor ficou estagnado depois de crescer por quatro trimestres consecutivos.

Nesse contexto, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) também têm desacelerado. A mediana das estimativas expressa no boletim Focus, do Banco Central, recuou de 2,9% em meados de fevereiro, antes da divulgação dos primeiros indicadores econômicos trimestrais, para atuais 2,7%.

O Focus mostra, ainda, que a projeção para o crescimento do primeiro trimestre, ante o primeiro de 2017, que estava pouco acima de 2% no início do ano e chegou a 2,2% em meados de março, caiu para 1,75% na edição divulgada ontem. As projeções para os demais trimestres também foram revisadas para baixo, de 2,8% para 2,6% no segundo; de 3,10% para 2,9% no terceiro; e de 3,4% para 3,33% no quarto. O Focus não tem previsões para o PIB trimestral com ajuste sazonal.

O IBGE divulgará o resultado oficial das Contas Nacionais do primeiro trimestre no próximo dia 30 de maio.