Título: O crescimento e as MPEs
Autor: Corrêa, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 25/04/2012, Opinião, p. 15

Enquanto países desenvolvidos vivenciam períodos turbulentos e de instabilidade, os emergentes, como o Brasil, vêm conquistando maior solidez para suas economias e despontando no cenário internacional. De acordo com o mais recente Relatório Global de Competitividade elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, o país subiu cinco posições e hoje ocupa o 53º lugar entre as 142 nações mais competitivas. Esse avanço é fruto da evolução de seu estágio de desenvolvimento, cujos resultados positivos têm gerado ainda mais chances de crescimento.

Hoje, o Brasil encontra ampla janela de oportunidades que o tornam um país promissor no mercado interno e externo. Sua experiência e disponibilidade de grandes áreas destinadas à agricultura, a liderança em bioenergia e as reservas do pré-sal são algumas das vantagens comparativas da economia brasileira em relação a outras nações, até mesmo emergentes. Com isso, vislumbram-se boas perspectivas para o governo, enquanto agente internacional, e para as empresas, em especial as micro e pequenas (MPEs), que têm ganhado força e conquistado maior visibilidade.

Representando 99% das organizações aqui instaladas e quase 70% da mão de obra empregada, as MPEs exercem papel fundamental para o desenvolvimento do país, ao serem responsáveis por cerca de 20% do PIB brasileiro. Diante desse contexto, é cada vez mais evidente que sua competitividade tem importância estratégica, consolidando-se como um dos principais pilares de sustentação da economia brasileira. E, para ganhar destaque no mercado e aproveitar esse momento de expansão econômica, as empresas precisam enxergar sua capacidade de buscar vantagens competitivas e investir na excelência da gestão, agregando valor a seus produtos e serviços.

A organização necessita, então, ter a administração do negócio mais bem estruturada, o que significa manter clientes satisfeitos, colaboradores motivados, processos mapeados, desempenho mensurado, cultura da inovação internalizada, entre outras práticas. Para começar, o melhor caminho é identificar seus pontos fortes e principais necessidades de melhoria.

A Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Movimento Brasil Competitivo e o Grupo Gerdau disponibilizam uma ferramenta, por meio do preenchimento do questionário de autoavaliação do MPE Brasil (Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas), que fornece gratuitamente aos empresários um relatório com o diagnóstico do grau de maturidade da gestão de suas companhias.

Em 2011, mais de 32 mil organizações de todo o país responderam esse questionário de autoavaliação, um número recorde desde o início da premiação e um volume 43% superior ao registrado em 2010, quando 22 mil preencheram as questões. Esse índice comprova o crescente interesse e a preocupação das empresas, que já vêm conquistando resultados bastante favoráveis ao seu crescimento, em melhorar a gestão.

A partir do levantamento feito com as respostas do questionário, as empresas podem adotar um modelo de gestão como referência para implantar planos de ação para suprir suas demandas. Isso exige uma mobilização de toda a organização para a causa da melhoria da gestão, o que auxiliará na definição dos objetivos e no estabelecimento de uma comunicação unificada e transparente. Dessa forma, a empresa estará preparada para iniciar a sua trajetória para a excelência, engajando os colaboradores na busca pelo aperfeiçoamento contínuo e o aumento da competitividade da companhia.

Dado início ao processo, a realização de autoavaliações sucessivas pode medir, avaliar e melhorar constantemente a gestão, o que contribuirá para que a empresa esteja sempre alinhada aos princípios de excelência.

Promover a gestão de forma sistêmica e estruturada é, enfim, a melhor maneira de tornar sólida uma organização, com a cultura da excelência internalizada e disseminada para todos os colaboradores. Só assim, as MPEs estarão aptas e capacitadas para aproveitar ao máximo o bom momento da economia, assegurando mais chances de sucesso do negócio e do país.