O Estado de São Paulo, n. 45544, 28/06/2018. Política, p. A8

 

“Comprova" vai combater fake news

28/06/2018

 

 

Projeto colaborativo do qual fazem parte 24 veículos de mídia, entre eles o ‘Estado’, checará conteúdo enganoso durante as eleições 2018

Uma coalizão de 24 veículos de mídia, entre eles o Estado, vai combater a disseminação de rumores e notícias falsificadas durante a campanha eleitoral deste ano. O chamado projeto Comprova será lançado hoje, no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo.

Jornalistas de todos os veículos parceiros vão trabalhar de forma colaborativa na detecção e verificação de rumores, conteúdo enganoso e táticas de manipulação nas redes sociais. Não haverá checagem de declarações de candidatos. A Abraji vai coordenar a coalizão, mas sem ingerência sobre o conteúdo a ser publicado.

As redações envolvidas vão procurar produzir peças de fácil compartilhamento, como vídeos, imagens e animações, para que os desmentidos atinjam o maior número possível de pessoas, de forma a conter a proliferação de mentiras.

Haverá uma checagem cruzada de todos os conteúdos: nenhum desmentido será publicado antes de ao menos três veículos diferentes entrarem em acordo sobre a falsidade da informação em questão.

Também haverá um número de WhatsApp para que o público envie ao Comprova textos, imagens, vídeos e áudios suspeitos. O Estadão Verifica, núcleo de checagem e verificação do

Estado, lançou um serviço semelhante no dia 13 de junho.

“A disseminação de notícias falsas na campanha pode envenenar o debate eleitoral e prejudicar a discussão do que realmente importa para o País”, disse David Friedlander, editor executivo do Estado. “Combatê-las é obrigação do jornalismo profissional e o Estado está totalmente engajado nessa iniciativa.”

Harvard. O projeto Comprova nasceu a partir de uma iniciativa do First Draft, entidade ligada ao Centro Shorenstein para Mídia, Política e Políticas Públicas, da Escola de Governo John F. Kennedy, na Universidade Harvard, dos Estados Unidos. O First Draft pesquisa e combate a desinformação na internet, e já organizou uma coalizão de mídia na campanha eleitoral da França, no ano passado.

“Queremos que o Comprova seja o primeiro lugar aonde alguém vá para checar a veracidade de algo mandado pelo tio via WhatsApp”, disse Claire Wardle, diretora do First Draft. “Que o Comprova seja referência durante as eleições, porque aí teremos o melhor da imprensa brasileira”, afirmou.

No Brasil, além do Estado, vão participar da iniciativa AFP, Band (TVs e rádios do grupo), Canal Futura, Correio, Correio do Povo , Exame , Folha de S.Paulo, GaúchaZH, Gazeta Online, Gazeta do Povo, Jornal do Commercio, Metro Brasil, Nexo Jornal, Nova Escola, NSC Comunicação, O Povo, Poder360, revista piauí, SBT, UOL e Veja.

O Google News Initiative e o Facebook Journalism Project ajudam a financiar o projeto, além de oferecer treinamento e apoio técnico.

“O desafio do combate à desinformação exige uma ação coordenada”, disse Daniel Bramatti, presidente da Abraji. “Nunca tantos veículos concorrentes se uniram em um projeto colaborativo como este, e a Abraji se orgulha de fazer parte desta iniciativa.”

 

Iniciativa

Para Claire Wardle, do First Draft, Comprova pode ser ‘referência durante as eleições’ no combate à desinformação

 

COALIZÃO CONTRA DESINFORMAÇÃO

● O Comprova é um projeto colaborativo que reúne 24 veículos de mídia brasileiros, entre eles o ‘Estado’. O objetivo é desmascarar rumores infundados e conteúdo enganoso na internet durante a campanha eleitoral

 

Como funciona

1 A coalizão vai monitorar conteúdos suspeitos compartilhados em redes sociais, sites e grupos de mensagens

2 Ao detectar conteúdo suspeito com potencial de viralização, jornalistas do projeto alertam outros membros da coalizão sobre a necessidade de checá-los

3 A checagem da informação será "cruzada". Esse é o principal diferencial do projeto

4 O processo de verificação será padronizado entre todos os 24 veículos que participam do projeto

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Sem defesa de Temer, candidatura de Meirelles seria ‘farsa’, diz Moreira

Julia Lindner e Anne Warth

28/06/2018

 

 

Ministro cobra apoio à gestão do presidente e afirma que ‘primeiro princípio de um candidato é ser fiel à sua biografia’

O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, afirmou que a campanha do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) ao Palácio do Planalto seria “uma farsa” sem a defesa do legado do presidente Michel Temer – cujo governo tem índices de rejeição acima dos 82%, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada no início do mês.

“Isso é estratégia de comunicação. Mas é claro (que Meirelles deveria defender legado), porque, se não, seria uma farsa. O primeiro princípio de um candidato crível é ser fiel à sua biografia”, disse Moreira em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Para o ministro, Meirelles ainda pode “adquirir” as características necessárias para conquistar protagonismo na disputa. Estacionado em 1% das intenções de voto, Meirelles tem viajado e conversado com diretórios do MDB para ganhar apoio no próprio partido. No diagnóstico do governo, porém, ele ainda não conseguiu desencarnar do posto de chefe da equipe econômica nem se apresentar como candidato.

Segundo Moreira, a definição da candidatura do MDB à Presidência será na convenção nacional – entre o fim de julho e início de agosto. “Meirelles está percorrendo o Brasil inteiro. Aliás, de todos os candidatos é o que está mobilizando o partido nacionalmente. O partido quer ter candidato. A base quer ter candidato”, disse.

‘Disposição’. Para o ministro, os eleitores não veem um caminho confiável, que mobilize e provoque adesão. O cenário, segundo ele, impõe aos candidatos um “protagonismo que exige uma personalidade de muita disposição”. “O candidato tem que se organizar para ser candidato. Veja que na eleição passada tivemos plástica, dentes novos, penteado excepcional, vestuário adequado. Ou seja, isso é fruto desse ambiente de espetacularização”, afirmou, numa referência indireta à presidente cassada Dilma Rousseff (PT), que encabeçou a chapa vencedora e tinha Temer como vice.

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Ex-ministro ataca Bolsonaro e Ciro em vídeo

28/06/2018

 

 

O pré-candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles, decidiu adotar tom mais agressivo contra os adversários Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT), na tentativa de conquistar principalmente o público feminino. Um vídeo que será postado hoje nas redes sociais do emedebista exibe cenas de violência verbal de Bolsonaro contra mulheres. Ciro, por sua vez, é apresentado como um político de temperamento explosivo e incontrolável.

A estratégia foi desenhada para expor fragilidades e polêmicas dos dois rivais de Meirelles, com o objetivo de mostrar os riscos de o eleitorado apostar naquilo que a campanha do ex-ministro da Fazenda chama de “aventura” nas eleições de outubro.

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Rede, de Marina Silva, tenta aliança com PROS

Isadora Peron

28/06/2018

 

 

Após sondar o PPS, a Rede procurou o PROS para fechar uma aliança em torno da candidatura da ex-ministra Marina Silva à Presidência da República. Marina está em busca de um vice de perfil mais político, para tentar aumentar o tempo de propaganda no rádio e na TV e o acesso a recursos do fundo eleitoral para a campanha.

Dirigentes da Rede tiveram reuniões com lideranças do PROS na semana passada. A ponte para essas conversas têm sido feita pelo ex-deputado Maurício Rands (PROS-PE), que em 2014 foi coordenador do programa de governo da chapa de Marina e Eduardo Campos (PSB), morto em acidente aéreo naquele ano.

No PPS, a interlocução foi com o presidente nacional da legenda, deputado Roberto Freire (SP). Hoje, no entanto, o partido apoia a candidatura do exgovernador Geraldo Alckmin (PSDB) ao Palácio do Planalto. Outro partido com quem a Rede também já conversou é o PHS. Caso Marina não consiga viabilizar uma aliança política, uma alternativa seria lançar uma chapa Marina Silva puro-sangue com o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, que também é filiado à Rede. Mas, assim, o partido teria direito a apenas 8 segundos no horário eleitoral.

A Rede não tem buscado alianças com partidos que dominaram o cenário de polarização das últimas eleições, como o PT e o PSDB, ou que estão atualmente no centro do poder, como MDB, e as legendas do chamado Centrão, entre eles DEM, PP, PR e PTB.

‘Complementar’. Questionada sobre quem seria seu vice, Marina desconversou e disse que procura uma pessoa com um perfil “complementar” ao seu. “Alguém que seja programaticamente coerente com o que temos feito e que possa ser complementar”, afirmou.

Porta-voz do partido, Pedro Ivo afirmou que a decisão de quem será o vice da chapa vai ocorrer somente em agosto. “Está cedo para escolher. O vice tem que ser alguém muito bem pensado”, disse.

A convenção para formalizar o nome da ex-ministra como candidata ao Palácio do Planalto será no dia 4 de agosto.

 

Vice

“Alguém que seja programaticamente coerente com o que temos feito e que possa ser complementar.”

Marina Silva​, PRÉ-CANDIDATA DA REDE À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA