Título: Candidatos tentam seduzir indecisos
Autor: Garcia, Larissa
Fonte: Correio Braziliense, 20/04/2012, Mundo, p. 17

Na reta final para o primeiro turno da disputa presidencial na França, os principais candidatos, François Hollande — o favorito nas pesquisas — e Nicolas Sarkozy, se esforçam para conquistar os mais de 11 milhões de eleitores indecisos, número expressivo em relação às outras eleições. Segundo uma pesquisa da OpinionWay Fiducial, um em cada quatro franceses ainda não decidiu em quem votará no domingo. Somando-se aos eleitores que já têm um favorito, mas podem mudar de opinião, os indecisos passam dos 15 milhões.

Segundo o estudo, os eleitores que já fizeram sua escolha não pretendem mudar de ideia. Com isso, Sarkozy ainda pode sonhar com a reeleição. Sua impopularidade, entretanto, vem refletindo-se nas pesquisas. "Ele tem um alto grau de rejeição, principalmente por causa da crise que a França enfrenta, com alto nível de desemprego, além de algumas medidas, como a elevação da idade para aposentadoria. Como faltam dois dias para o pleito, não há muito o que fazer, a não ser esperar o resultado do primeiro turno e apertar a campanha para o segundo, que ocorre em 6 de maio", explicou o coordenador do curso de relações internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Giorgio Romano.

Um vídeo que circula na internet desde domingo mostra uma gafe do presidente em plena campanha. Acusado pela oposição de ser elitista, Sarkozy aparece nas imagens descendo do palanque para cumprimentar os eleitores. Em meio ao alvoroço, ele decide tirar o relógio e guardá-lo discretamente no bolso do paletó, aparentemente com receio de que fosse roubado. Em terceiro lugar nas pesquisas, Jean-Luc Mélenchon, candidato da Frente de Esquerda, que registra entre 13% e 15% das intenções de votos, disse se inspirar no ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. "É o voluntarismo do (Hugo) Chávez, do Lula, de (Rafael) Correa, de Cristina Kirchner que me serve como fonte de inspiração (...) Eu o conheci (Lula) na época em que ninguém o recebia em Paris", contou, referindo-se ainda aos líderes da Venezuela e do Equador.

Outro fator que preocupa os candidatos é a abstenção. De acordo com o OpinionWay, a quantidade de pessoas que optarão por não votar pode alcançar 26% — na França, o voto não é obrigatório. No primeiro turno da eleição presidencial de 2007, esse índice ficou em 16%. Para convencer o indecisos e os que não querem ir às urnas, os dois candidatos têm estratégias diferentes.

O socialista Hollande prometeu uma mudança no estilo da gestão, caso seja eleito. Sua meta econômica é "separar as atividades de crédito e depósito das chamadas atividades especulativas dentro de cada instituição bancária". Quanto à política internacional, reiterou sua promessa de retirar as tropas francesas do Afeganistão antes do fim do ano.

A escolha de Brigitte

Brigitte Bardot, considerada um ícone do cinema francês, anunciou que votará na candidata à presidência Marine Le Pen, de extrema-direita, no primeiro turno. "Acredito que ela é uma mulher admirável. Nos propõe coisas perfeitas comparadas com as dos outros dois fantoches", justificou, em entrevista ao jornal Nice Matin. A atriz e cantora, de 77 anos, alegou que defende os animais e afirmou que sua favorita "é a única que denuncia o escândalo".

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