Correio braziliense, n. 20158, 31/07/2018. Cidades, p. 17

 

Ciro e Carlos Lupi apoiam Rollemberg

Ana Viriato, Helena Mader e Alexandre de Paula

31/07/2018

 

 

ELEIÇÕES 2018 » O pré-candidato a presidente da República e o comandante nacional do PDT defendem publicamente a candidatura do governador à reeleição, contrariando a Executiva Regional do partido, que lançou o ex-distrital Peniel Pacheco ao Palácio do Buriti

Na reta final do período para definição de candidaturas e coligações, os últimos dias foram de flertes entre o PSB, do governador Rodrigo Rollemberg, e o PDT. O socialista aproveitou a convenção regional do partido, realizada no sábado, para declarar apoio ao pré-candidato pedetista ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes. Em resposta à investida, o presidenciável e o comandante nacional do PDT, Carlos Lupi, passaram a defender publicamente a reeleição do chefe do Executivo local.

A contragosto de correligionários da capital, em evento público, no domingo, Ciro garantiu que seu partido apoiará o governador no pleito de outubro. Rollemberg comemorou a sinalização rumo à aliança. Ao Correio, adiantou, ainda, que fará palanque para o candidato à Presidência, ainda que as legendas não efetivem uma coligação.

Resistente à coalizão com o PSB, a Executiva Regional do PDT lançou o ex-distrital Peniel Pacheco ao Palácio do Buriti no último mês. No entanto, em conversa com a reportagem, Carlos Lupi disse, ontem, considerar Rollemberg o melhor quadro para a capital pelos próximos quatro anos. “Fechar uma aliança com Rollemberg é um desejo meu e do Ciro. Ele é uma rara exceção aos demais governadores de Brasília, que, marcados pela corrupção, acabaram presos. Sua honestidade e honradez nos fazem acreditar que seja o melhor nome. Se depender de nós, será o nosso candidato”, argumentou.

Para a aliança sair do papel, resta um ponto crucial: a declaração do suporte nacional do PSB à candidatura de Ciro Gomes, tendo como contrapartida o suporte de pedetistas a governos estaduais, a exemplo do DF. O partido pode, ainda, seguir o candidato indicado pelo PT ou permanecer neutro — essas duas possibilidades desfavorecem os planos de Rollemberg. A decisão sobre o futuro da legenda será discutida na convenção partidária, prevista para o último dia do prazo, 5 de agosto.

Confiança

Na visão de Rollemberg, a primeira opção é a mais provável. “Tenho conversado permanentemente com líderes locais e nacionais do PDT. Tenho confiança de que a aliança será anunciada nesta semana”, disse. O governador ainda garantiu apoio a Ciro Gomes em qualquer conjuntura. “Ele é a melhor alternativa para o país, estou decido a apoiá-lo e tenho trabalhado para que o PSB o apoie”, frisou.

A intensificação da aproximação entre os partidos incomodou os pedetistas da capital. Entre eles, repercutiu mal a defesa de Ciro Gomes ao nome de Rollemberg. “Faltou combinar com os russos”, disse o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle, pré-candidato ao Senado. “Nós já lançamos candidatura própria e o apoio do diretório nacional é fundamental. Tenho certeza de que o presidente Lupi terá habilidade para gerenciar essas questões”, comentou Joe. “Rollemberg foi muito inábil com o PDT nos últimos anos”, justificou.

Joe Valle chegou a ocupar a Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos durante nove meses na gestão Rollemberg. Em outubro do ano passado, contudo, o PDT desembarcou da base aliada. Hoje, Joe e os outros dois distritais do partido — Cláudio Abrantes e Reginaldo Veras — fazem oposição ao governador.

Direita

Em outro campo político, o da centro-direita, as movimentações também ganharam corpo. Após a desistência de Jofran Frejat, sob a bênção do ex-vice-governador Tadeu Filippelli, MDB, PP e Avante reformularam a chapa e lançaram o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) Ibaneis Rocha ao Palácio do Buriti. A vice do advogado deve ser Anna Christina Kubitschek (PP), neta de JK e esposa do empresário Paulo Octávio (PP). A coalizão, agora, tenta recuperar antigos aliados.

Em uma das investidas, Ibaneis tentou fechar acordo com o deputado federal Alberto Fraga (DEM), oferecendo uma das vagas do Senado. O advogado o recebeu em casa para um almoço e, à noite, voltou a se reunir com o parlamentar, que defendia o próprio nome ao GDF. Até o fechamento desta edição, o demista não havia sacramentado a decisão.

A coligação de Ibaneis também mira o PR. O futuro da legenda, que tem entre os integrantes o ex-governador José Roberto Arruda, será discutido na manhã de hoje, na presença do dirigente nacional, Valdemar Costa Neto. O deputado federal Laerte Bessa (PR) colocou-se como opção para  a disputa pelo GDF. O partido pode, ainda, decidir pelo apoio a um nome da oposição a Rollemberg.

O rumo do PSDB, do deputado federal Izalci Lucas, também é uma incógnita. O tucano deixou a frente capitaneada pelo senador Cristovam Buarque (PPS) após a escolha de Rogério Rosso (PSD) como pré-candidato ao Buriti. A aliados, disse que concorreria ao GDF, mesmo que sozinho. Se o fizer, porém, o PSDB dificilmente elegerá deputados federais e distritais, acreditam especialistas. Além disso, haveria desrespeito ao acordo nacional entre Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD), o qual garantiu o apoio de tucanos a pessedistas na corrida por alguns governos estaduais, como o DF.

Ao Correio, o deputado federal e aliado de Alckmin Silvio Torres afirmou que “o partido discute com aliados a condição da disputa pelo GDF”. “A Executiva Nacional ainda não definiu qual será a postura”, respondeu quando questionado sobre a possibilidade de uma intervenção para garantir o apoio do PSDB ao PSD na capital.