O Estado de São Paulo, n. 45530, 14/06/2018. Política, p. A10

 

Sem DEM e PP, Skaf fica isolado em SP

Adriana Ferraz, Daniel Bramatti e Pedro Venceslau

14/06/2018

 

 

Candidato do MDB ao governo do Estado fica sem opção para coligação após Democratas anunciar apoio ao PSDB e PP fechar com PSB

O ex-prefeito João Doria (PSDB) vai anunciar hoje o apoio do DEM à sua pré-candidatura ao governo paulista, enquanto o PP prevê formalizar amanhã seu ingresso na coligação do governador Márcio França (PSB), que vai disputar a reeleição. As duas articulações deixam o presidente licenciado da Fiesp, o empresário Paulo Skaf (MDB), isolado na disputa paulista e com menos de 15% do tempo fixo e de inserções reservadas para candidatos a governador na TV e no rádio.

Sem opções de aliança com partidos médios e grandes, o MDB paulista admite que deve entrar sozinho na campanha. “Eu não vou vender a alma para o diabo para fazer coligação”, disse Skaf ao Estado. Na última pesquisa Ibope/Band, divulgada no final de maio, Doria estava na liderança com 22% das intenções de voto, contra 15% de Skaf, 4% de Luiz Marinho (PT) e 3% de Márcio França.

Com o apoio do PP, o governador assume de vez o posto de pré-candidato que mais siglas conseguiu reunir nessa disputa. São 16 no total, o que lhe assegura o maior tempo de televisão – cerca de 30% em cada bloco de 9 minutos do horário eleitoral para governador e no conjunto das inserções, o que dá 2 minutos e 46 segundos. Doria tem o segundo maior tempo, com 2 minutos e 25 segundos ou 27%. Skaf sozinho terá 1 minuto e 15 segundos.

Apesar de bem colocado nas pesquisas, o isolamento de Skaf preocupa parlamentares do partido em busca da reeleição e desperta desconfiança sobre a viabilidade de sua candidatura. Anteontem, o presidente licenciado da Fiesp foi novamente pressionado a reafirmar que não aceita disputar o Senado em reunião com líderes do partido. Estavam presentes o pré-candidato à Presidência, Henrique Meirelles, o líder da Câmara dos Deputados, Baleia Rossi, e os deputados estaduais Jorge Caruso e Jooji Hato.

Doria, que agora poderá ter como vice o líder do DEM na Câmara, Rodrigo Garcia, diz que reserva uma vaga em sua chapa para Skaf disputar o Senado. França também aceitaria fazer aliança com o empresário, de quem diz ser amigo pessoal.

A aliados, no entanto, Skaf rechaça qualquer alternativa que não seja a eleição pelo governo e aposta que, chegando ao segundo turno, vai reunir todos os partidos que estão hoje com o governador e também o PT numa briga direta contra Doria.

“Ir sozinho na atual conjuntura não é ruim. Skaf vai fazer uma campanha de não agressão e, no segundo turno, pode juntar mais partidos numa disputa eventual com Doria”, disse o vereador Ricardo Nunes (MDB).

Tiroteio. Nos bastidores, aliados de Doria ignoram Skaf e tentam polarizar a disputa com França. “O Doria é o primeiro nas pesquisas. Sendo o favorito, é natural que atraia mais aliados. Já França usa a máquina para costurar apoios. Já Skaf não é favorito e não tem máquina”, disse o deputado Marco Vinholi, líder do PSDB na Assembleia.

“Há um fortalecimento do Márcio França, e não é só por causa da máquina. Quando mais ele fica conhecido, mais ele sobe. Já com Doria é o contrário”, disse o deputado Barros Munhoz (PSB).

 

Aliança

Líder do DEM na Câmara, o deputado Rodrigo Garcia passou a ser cotado como vice na chapa de João Doria

 

CRONÔMETRO

30,7%​ do tempo do programa eleitoral gratuito é o que o governador Márcio França (PSB) terá com os 14 partidos já anunciados

26,8%​ do tempo do programa eleitoral gratuito é o que ex-prefeito João Doria tem após acordos com PSD, DEM, PRB e PTC

14,1%​ do tempo do programa eleitoral gratuito é o que o petista Luiz Marinho terá se não fechar aliança com PCdoB e PDT

13,9%​ do tempo do programa eleitoral gratuito é o que Paulo Skaf, pré-candidato do MDB, tem até o momento

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

Líderes do PT defendem sondagens de cenários sem Lula

Ricardo Galhardo

14/06/2018

 

 

Nomes influentes do partido argumentam que é preciso conhecer o poder de transferência de votos do ex-presidente

Setores influentes do PT têm defendido em conversas internas que o partido aproveite o período de relativa tranquilidade política durante a Copa do Mundo para fazer pesquisas e sondar cenários para o caso de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser impedido de disputar as eleições.

Condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), Lula cumpre pena em Curitiba e pode ser barrado pela Lei da Ficha Limpa – o petista lidera todas pesquisas de intenção de votos.

Os defensores das pesquisas têm tomado o cuidado de dizer que o objetivo é apenas preparar o partido para o caso de Lula ser barrado e em hipótese alguma representaria algum tipo de questionamento à estratégia petista de manter a candidatura do ex-presidente até o fim.

O argumento é saber qual é o perfil preferido pelos eleitores, testar nomes e a capacidade de transferência de votos do líder petista preso em Curitiba.

Apesar do esforço da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, de interditar o debate, as conversas sobre estratégias sem Lula na disputa eleitoral têm sido inevitáveis. Na segunda-feira, o tema veio à tona em reunião de uma espécie de conselho político informal criado por Gleisi. Integram o grupo membros da Executiva do PT e ex-ministros, como Franklin Martins, Fernando Haddad, Aloizio Mercadante e Paulo Vannuchi, e petistas históricos como Rui Falcão e José Genoino.

Em conversas reservadas, vários deles admitem que a candidatura de Lula é um ativo político precioso mas inviável do ponto de vista legal e, por isso, o PT precisa sondar cenários e, no tempo certo, iniciar o processo de substituição.

Vice. Um dos temas da reunião foi a escolha do vice na chapa petista. Na semana passada, Lula disse a governadores que deseja um vice de fora do PT. Com isso, o ex-presidente barrou o movimento de governadores petistas que defendiam um vice do partido, que, confirmado o impedimento de Lula, assumiria a cabeça de chapa.

O plano do ex-presidente, no entanto, esbarra nos nomes disponíveis. Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar, é o nome dos sonhos, mas está filiado ao PR, com aval do ex-presidente. Setores do PR apoiam a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) e o senador Magno Malta (PR-ES) chegou a ser sondado para vice.

 

Reunião

O ex-ministro Mercadante integra a Executiva do PT

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

“Estadão Verifica” vai checar notícias falsas pelo WhatsApp

14/06/2018

 

 

Textos, áudios, fotos e vídeos enviados por leitores vão ser analisados pelo blog de checagem do jornal

O Estado estreou um serviço de verificação de notícias falsas por meio do aplicativo de mensagens WhatsApp. O número para contato é (11) 99263-7900. A análise do conteúdo será feita pelo Estadão Verifica, blog de checagem de fatos do jornal.

O objetivo é encontrar informações que confirmem ou desmintam mensagens compartilhadas no WhatsApp. Segundo essa metodologia, opiniões, comentários, previsões sobre o futuro e conceitos amplos não podem ser checados. O serviço verificará textos, áudios, fotos e vídeos enviados para o número.

A iniciativa, lançada ontem, faz parte do monitoramento de redes sociais que é feito por uma equipe de jornalistas do Estado, a fim de combater a desinformação neste ano eleitoral.

Como o volume de conteúdo espalhado nas redes é grande, o blog não checará a veracidade de tudo o que for enviado. No entanto, a colaboração do leitor é essencial para selecionar os boatos mais relevantes e impedir sua disseminação, melhorando o ambiente de informações no contexto eleitoral.

O Estadão Verifica foi lançado no dia 1.º de junho, em meio aos rumores e ondas desinformação que se espalharam durante a greve dos caminhoneiros. No blog, o desmonte de notícias falsas é feito principalmente por meio de consulta a fontes oficiais sobre o assunto, como bancos de dados públicos e órgãos governamentais. Também podem ser checadas fontes alternativas, como pesquisas, relatórios e entrevistas com especialistas.

São muitas as formas de desinformação que circulam nas redes sociais. A pesquisadora Claire Wardle, diretora do First Draft, centro de estudos ligado ao Shorenstein Center da Universidade Harvard, classificou sete diferentes tipos de informações problemáticas.

Algumas das formas mais danosas de desinformação são aquelas fabricadas com a intenção de enganar e prejudicar (caso do conteúdo inventado, que não tem nenhuma base na realidade) e do conteúdo manipulado (que usa imagens e informações autênticas alteradas).

O Estadão Verifica também vai publicar reportagens, análises e entrevistas com pesquisadores sobre o fenômeno da desinformação.