O globo, n. 30968, 21/05/2018. País, p. 5

 

‘Não queremos ser o país da propina’, diz Moro nos EUA

21/05/2018

 

 

Em discurso para estudantes, juiz falou do combate à corrupção

O juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato em Curitiba, afirmou, em discurso na Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, que o Brasil avançou no combate à corrupção e não pode ser conhecido como “país da propina”.

O magistrado, que foi o principal orador na formatura da universidade, citou o ex-presidente americano Theodore Roosevelt ao destacar que o Brasil não se envergonha de estar expondo sua corrupção, definida por ele como “endêmica ou até mesmo sistêmica”.

— Não queremos ser conhecidos como o país da propina, mas como uma democracia forte — disse o juiz, lembrando que a Lava-Jato já atingiu grandes empresários, ministros e até um expresidente, em referência a Lula.

Segundo ele, as investigações mudaram a mentalidade dos brasileiros e, há pouco tempo, “a corrupção parecia invencível”. Moro fez menção a tentativas de interromper as investigações:

— Muitos criminosos e seus aliados não querem mudar o status quo de corrupção e impunidade. Eles são muitos e poderosos. Apesar disso, a investigação, os processos e julgamentos estão ocorrendo.

Ao fim do discurso, o juiz aconselhou os estudantes a não se esquecerem da importância do respeito às leis.

— Todos estão sob a proteção da lei. Mas isso também quer dizer que ninguém está acima dela — destacou.

Ao falar para os formandos, Moro citou as familiaridades entre as histórias de Brasil e dos EUA. Segundo ele, os dois países foram colônias, viveram o flagelo da escravidão e tiveram seus povos formados por imigrantes de diversas origens.