Correio braziliense, n. 20147, 20/07/2018. Política, p. 4

 

Bolsonaro leva segundo não

20/07/2018

 

 

ELEIÇÕES 2018 » Em menos de 48 horas, o comando do PSL, partido do presidenciável, teve frustradas as negociações com o PR de Valdemar Costa Neto e com o nanico PRP, do general Augusto Heleno, cogitado para vice

O comando do PSL recebeu, na noite de ontem, mais um “não” oficial ao convite que fez ao PRP para que indicasse o general da reserva Augusto Heleno como candidato a vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro. Dirigentes dos dois partidos se encontraram em São Paulo, para uma negociação, mas a conversa não prosperou.

O presidente do PRP, Ovasco Resende, recebeu o presidente do PSL, Gustavo Bebianno, e o vice, Julian Lemos, que viajaram a São Paulo para viabilizar a aliança. Isso, porém, não aconteceu. “A conversa foi muito boa, nos conhecemos pessoalmente e falamos sobre nossos projetos. Mas a Executiva Nacional já resolveu. No momento, não vamos lançar o general Heleno como vice. Ficou acertado com todos eles aqui que não vamos caminhar nessa condição de vice”, disse Resende.

O líder do PRP afirmou ainda esperar que o general continue no partido. Heleno havia dito que sairia da legenda, diante da negativa de ser vice de Bolsonaro, e se dedicaria à campanha do deputado. “Gostaríamos que ele ficasse. Não sei o que ele vai fazer, mas pode coordenar a campanha do Bolsonaro mesmo estando dentro do partido”, ressaltou.

Pelo Twitter, Bolsonaro afirmou jamais ter firmado compromisso com as legendas que rejeitaram a aliança com o PSL. “O nosso partido é o povo e não os líderes partidários que representam o atual sistema no Brasil”, escreveu, na rede social.

Em Goiânia, onde cumpria agenda de pré-campanha, o deputado ironizou a dificuldade em fazer acordos para conseguir alianças. “Eu não quero apoio para 2018, não. Quero para 2022, porque 2018 já era”, afirmou o militar reformado, em tom de brincadeira, após ouvir de aliados que ele “já estava eleito” neste ano.

Líder nas pesquisas de intenção de voto em cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro enfrenta dificuldades para angariar apoio de outros partidos. Em menos de 48 horas, teve frustrada a negociação com o PR do ex-deputado Valdemar Costa Neto e com o nanico PRP. “Vocês viram que ninguém quer fazer acordo comigo. O meu apoio é o povo. Eles podem ter muita coisa, mas não têm o carinho de vocês”, disse a militantes que o aguardavam no aeroporto de Goiânia na manhã de ontem.

No banco

Segundo Bolsonaro, uma das opções para formar sua chapa como vice é a advogada Janaína Paschoal, uma das coautoras do pedido de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. Ela filiou-se há pouco ao PSL. “Temos que ver as afinidades com Janaína, nas questões como MST (Movimento do Sem-Terra) e a maioridade. Ver como estará a situação dela em relação à família para uma campanha. Ela é uma guerreira. Hoje, o general (Alberto) Mourão está no banco, junto com a Janaína”, disse. “Temos que conversar com o Levy Fidelix (presidente do PRTB, partido de Mourão).”

Apesar do discurso de que não precisa do apoio de partidos, o pré-candidato disse que ainda negocia com o PRP de Heleno. “Estamos conversando ainda com o PRP para uma aliança apenas nacional. Devo conversar com o general Heleno até amanhã (hoje).

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Janaína nega o convite

Bernardo Bittar

20/07/2018

 

 

A advogada Janaína Paschoal (PSL) negou o suposto convite do partido para ser vice de Jair Bolsonaro na corrida pelo Planalto. Janaína foi uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e pode ser a próxima aposta da legenda. Em entrevista ao Correio, no entanto, a advogada disse que “não foi convidada” pelo deputado e que soube dessa possibilidade pela imprensa. Ao ser questionada sobre sua presença no partido, afirmou que “não é” do PSL mas que, por enquanto, “está” lá.

Integrantes do partido dizem que o nome de Janaína Paschoal causa divergências internas. Uma parte dos liberais acredita que colocar uma mulher como vice de Bolsonaro pode amenizar a imagem do capitão. A outra, no entanto, diz que as imagens de Janaína tomando achocolatado na comissão do impeachment (mostradas em um documentário exibido recentemente nos cinemas) pode fazer com que ela seja ridicularizada e aumente a rejeição a Bolsonaro.

Líder nas pesquisas de intenção de voto que desconsideram a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro, Jair Bolsonaro pode acabar prejudicado ao formar uma chapa-pura nas eleições. O PSL tem apenas 7 segundos diários de tempo de tevê. Sem alianças, poderá ficar sem tempo suficiente para apresentar suas ideias na telinha. Nas redes sociais, contudo, acumula milhões de seguidores.

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Meirelles: sem contágio

20/07/2018

 

 

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB à Presidência, minimizou a possibilidade de os baixos índices de popularidade do presidente Michel Temer contaminarem sua campanha nas eleições de 2018. Meirelles defendeu os feitos do governo diante da crise e relativizou a avaliação precária da gestão. Mas ressaltou que sua candidatura é a continuidade de seu próprio trabalho, e não dos governos que integrou.

Meirelles citou não só o governo Temer, como também o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do qual foi presidente do Banco Central. “Eu represento o meu trabalho. Fui presidente do Banco Central durante oito anos no governo do Lula. E fui responsável pela estabilização da economia, pelo controle da inflação, pelo crescimento e por tratar de um ponto crítico na época, que era a área externa, a questão cambial. Fatores críticos que levaram o Brasil à crise de 2018”, afirmou o emedebista. “Isso não quer dizer que sou representante do governo Lula. Sou representante do trabalho que eu fiz.”

Meirelles voltou a dizer que terá maioria na convenção do MDB, que deve confirmar em 2 de agosto sua candidatura ao Palácio do Planalto. Ele afirmou contar com algo em torno de 70% dos votos dos delegados. Questionado sobre como assegurar que esses votos se traduzam em apoio concreto nos estados, disse entender que a candidatura própria ajuda os palanques regionais.