Correio braziliense, n. 20147, 20/07/2018. Cidades, p. 19

 

Cristovam lança Rosso ao Buriti

Ana Viriato

20/07/2018

 

 

Após três dias de reuniões com os principais correligionários, a chapa do senador aposta na candidatura do deputado federal ao Executivo local. O também presidente do PSD no DF, porém, ainda não confirmou se aceita concorrer ao GDF. Situação deixa Izalci Lucas isolado

Após lançar, em maio, o nome do deputado federal Izalci Lucas (PSDB) ao Palácio do Buriti e reforçar o posicionamento no último mês, o grupo coordenado pelo senador Cristovam Buarque (PPS) tomou outros rumos. Em reunião realizada ontem, a frente formada por PSDB, PSD, PPS, PRB e PSC escolheu Rogério Rosso (PSD) para a disputa pelo GDF. A decisão ocorreu depois de três dias de encontros marcados por embates, nos quais Izalci insistiu em ficar com a vaga a contragosto das demais lideranças. Para superar o impasse, houve votação oral. O resultado foi o esperado: todos escolheram Rosso como pré-candidato, à exceção de Izalci.

Para pacificar a situação, o grupo ofereceu ao tucano outras vagas majoritárias. Entretanto, contrariado, Izalci disse aos colegas que não tem interesse em qualquer outra posição. Reforçou, também, que concorreria ao GDF, mesmo que numa chapa sangue-puro. “Ainda assim, mantivemos o espaço da vice-governadoria desocupado. Acreditamos que, após conversas com os dirigentes nacionais do partido, ele decida permanecer conosco”, ponderou Cristovam, que tentará a reeleição em outubro. O senador justificou a escolha por Rosso: “É o nome com maior capacidade para aglutinar alianças e candidatos”.

Há meses, o apoio a Izalci era massivo. A coalizão em torno do tucano chegou a unir 12 siglas. Contudo, os desgastes partidários dele fizeram diminuir o suporte. Presidente do PSDB do DF desde 2015 por meio de intervenções nacionais, o deputado federal tornou-se alvo de dezenas de ações judiciais ajuizadas por correligionários, que buscavam eleições internas na sigla. A instabilidade afugentou aliados e impulsionou a empolgação das lideranças com outras possibilidades.

Além disso, em acordo nacional, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Gilberto Kassab (PSD) garantiu apoio à campanha do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), desde que os tucanos dessem suporte a pessedistas em governos estaduais, entre eles, o do Distrito Federal.

Reflexão

Apesar da decisão da coligação, Rosso não confirmou que será candidato ao Executivo local. Em nota publicada logo após a reunião, o deputado federal alegou que precisa refletir. “Vou utilizar as próximas horas para consultar a minha família, os meus apoiadores, os meus amigos e o presidente nacional do meu partido, ministro Gilberto Kassab, para decidir sobre o meu posicionamento final”, ponderou.

Rosso acrescentou que tentou, ao máximo, manter a união entre as siglas envolvidas na negociação. “Tenho procurado manter a unidade do nosso grupo e dialogado à exaustão para que sempre prevaleça o entendimento e a harmonia entre os partidos de nossa aliança, mantendo, inclusive, o diálogo com outras coligações no campo da oposição ao atual governo de Brasília”, completou.

Com Rosso como nome ao Buriti e Cristovam no páreo pela reeleição, restam duas vagas em aberto no grupo majoritário: a vice-governadoria e a cadeira remanescente do Senado. Caso Izalci, de fato, deixe o grupo, deve ser o número dois da chapa o pastor da Assembleia de Deus Egmar Tavares, irmão e correligionário do presidente regional do PRB, Wanderley Tavares. Devido à saída, a coalizão também perderia o integrante com o maior tempo de propaganda eleitoral na tevê e no rádio. Conforme projeções do Correio baseadas pela legislação eleitoral,  o PSDB detém 53 segundos a cada bloco de nove minutos disponíveis aos candidatos do GDF.

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Do rock à política

Alexandre de Paula

20/07/2018

 

 

O deputado federal Rogério Rosso (PSD) entrou na política pelas mãos de Joaquim Roriz. Então funcionário da Fiat, o carioca, que veio para Brasília bebê, aproximou-se do ex-governador no início dos anos 2000 pela amizade da ex-mulher Karina Curi com a filha caçula de Roriz, Liliane. Na campanha de 2002, Rosso atuou como conselheiro do ex-governador para as estratégias de comunicação na campanha ao GDF. Roriz o levou para o governo.

Formado em direito pela Universidade de Brasília (UnB), Rosso foi secretário de Desenvolvimento Econômico, administrador de Ceilândia e responsável pela criação do Ceilambódromo. Completamente envolvido pela política, em 2006, candidatou-se a deputado federal pelo MDB. Teve 51 mil votos e ficou como primeiro suplente. Depois da derrota, foi convidado por Arruda a assumir a Presidência da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). À frente do órgão, defendeu o projeto de construção do centro administrativo do GDF, em Taguatinga.

Em 2010, foi escolhido governador do Distrito Federal por eleição indireta na Câmara Legislativa. Apoiado por Tadeu Filippelli, também do MDB, Rosso era visto como uma solução para a crise política causada pela Operação Caixa de Pandora, que culminou no afastamento do governador José Roberto Arruda e no fim do governo de Paulo Octávio, vice de Arruda. À frente do GDF por nove meses, teve uma gestão complicada e marcada por dificuldades em diversas áreas.

Na eleição seguinte, tentou novamente uma vaga na Câmara dos Deputados pelo PSD. Elegeu-se com 93,6 mil votos. No Congresso, ocupou posição de destaque em 2016 ao ser escolhido para presidir a comissão especial que analisou e aceitou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT). No mesmo ano, tentou a Presidência da Câmara dos Deputados, mas foi derrotado, no segundo turno, por Rodrigo Maia (DEM).

Rosso é um dos investigados da Operação Panatenaico, que apura rombo nas obras do Estádio Nacional Mané Garrincha. O deputado foi citado em delação premiada do ex-executivo da Construtora Andrade Gutierrez Rodrigo Ferreira Lopes, mas nega qualquer envolvimento com o esquema.

Estúdio

Muito ligado à música, Rosso é fã de rock pesado. Além de baixista, o deputado toca guitarra e teclado e mantém um estúdio em uma chácara na Cidade Ocidental (GO). A primeira banda surgiu aos 16 anos. O grupo de hard rock britânico Whitesnake é um dos preferidos do agora possível pré-candidato ao Palácio do Buriti.