Correio braziliense, n. 20148, 21/07/2018. Política, p. 5

 

Brasília-DF

Denise Rothenburg

21/07/2018

 

 

Líder do PSB na Câmara, Tadeu Alencar (PE) adoraria ver as esquerdas juntas nesta eleição, mas irá para a reunião do diretório nacional em 30 de julho apostando na “liberação e neutralidade” dos socialistas no primeiro turno da sucessão presidencial. “No momento, é a única tese que nos une e dificilmente mudará nestes 10 dias”, diz ele. A notícia é péssima para Ciro Gomes, que conta com o apoio do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, do presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande, e do ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda.

 

Em tempo: o Nordeste também prefere o partido aliado ao PT, mas começa a se render à tese da neutralidade. Assim, cada um faz o que quer. Pior para Ciro.
 

A união dos nanicos
No saguão do hotel onde o PSC realizava sua convenção em Brasília, o candidato do PRTB, Levy Fidelix, anunciava aos quatro ventos que os dois partidos, o PDC, Patriotas, Avante, PDC e até o Podemos, do senador Álvaro Dias, têm um acordo: arrumar a unidade até 5 de agosto. Se for assim mesmo, melhor para Álvaro Dias, que pontua nas pesquisas.


Por falar em PSC…
No finalzinho da convenção, o presidente do PSC, Pastor Everaldo, saiu-se com esta: “Até 5 de agosto, muita água vai rolar debaixo da ponte”. Deixou a sensação de que a candidatura de Paulo Rabello de Castro não está tão firme assim. Em 2014, o pastor ficou em quinto lugar e terminou apoiando Aécio Neves no segundo turno. Em 2010, o PSC fechou com Dilma Rousseff. Ou seja, muda de ideologia como quem muda de roupa.


Falem bem, falem mal…
… mas falem de mim. Ao ensinar uma criança a fazer o gesto de uma arma com a mão, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, acredita ter conseguido o que queria: atenção. Cada vez mais isolado, sem candidato a vice que agregue forma à campanha, sem tempo de tevê, e com outros atores em campo, ele recorrerá cada vez mais a gestos extremos para continuar em evidência.


Mercado mais calmo
Se as próximas pesquisas indicarem que Geraldo Alckmin ganhou um respiro com a aliança mais ampla, a expectativa é de que o dólar caia mais um pouquinho e a bolsa reaja, mantendo a trajetória registrada ontem. Hoje, analistas não descartam inclusive um segundo turno entre Alckmin e Fernando Haddad, do PT.

Que fama, hein?/ No discurso que fez na microconvenção de seu partido, o PSC, o candidato a presidente da República Paulo Rabello de Castro (foto) foi incisivo ao dizer que “nada conseguirei fazer se 208 milhões de brasileiros fizerem igual a alguém que fica caindo em campo”. Na hora, um gaiato comentou: “Neymar fez escola”.

A política é local/ Vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan (DEM) desfilou na convenção do PDT. Vai apoiar Ciro Gomes na terra onde o ex-ministro de Lula faz política.

Quem diria, hein?/ O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, criticava tanto o PT por manter um candidato a presidente da República preso, no caso, Lula, que agora passa pelo mesmo problema. Hoje, o MDB de Mato Grosso do Sul vai homologar a candidatura de André Puccinelli ao governo estadual com o candidato na cadeia.

Por falar em PT.../ O partido de Lula pretende comparecer à convenção do PSol que lançará a candidatura de Guilherme Boulos. Sabe como é, melhor manter os laços para um segundo turno.

A limonada geral/ Todos os candidatos a presidente, do PT de Lula ao PSL de Bolsonaro, tentaram acordos com partidos do blocão de centro. Não conseguiram. Agora, vão passar a dizer que Geraldo Alckmin aceita qualquer um em sua campanha, incluindo mensalão e petrolão. É do jogo.