Esquema movimentou mais de US$ 1,6 bi, em 52 países, por meio de 3 mil offshores, segundo a Lava Jato no Rio

O Ministério Público Federal denunciou 62 investigados na Operação Câmbio, desligo. Entre os acusados estão o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) e os doleiros Dario Messer, Vinícius Claret e Claudio Barbosa. A denúncia da Procuradoria é datada de anteontem. De acordo com a acusação, 12 denunciados estão foragidos.

A operação, um desdobramento da Lava Jato no Rio, aponta Messer como líder do grupo. Ele é considerado “o doleiro dos doleiros”. “Messer e os demais denunciados implementaram uma estrutura criminosa sofisticada, que tinha por finalidade a prática de crimes de evasão de divisas, contra o sistema financeiro e corrupção, bem como a lavagem dos recursos auferidos desses crimes e dos recursos utilizados no pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos”, relata a Procuradoria da República no Rio.

A Câmbio, desligo foi deflagrada em 3 de maio contra um “grandioso esquema” de movimentação de recursos ilícitos no Brasil e no exterior por meio de operações dólar-cabo, entregas de dinheiro em espécie, pagamentos de boletos e compra e venda de cheques.

Conforme o Ministério Público, o esquema alvo da Câmbio, desligo movimentou, “à margem da lei”, entre 2011 e 2016 mais de US$ 1,652 bilhão, em contas que se espalharam por 52 países e que envolveram mais de 3 mil offshores.

A força-tarefa da Lava Jato no Rio atribui aos acusados crimes de pertinência à organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção e operação de instituição financeira não autorizada.

“O denunciado Dario Messer era líder da organização criminosa. Ele criou uma rede de lavagem de dinheiro, essencial para a prática de crimes como corrupção, sonegação tributária e evasão de divisas. Era sócio capitalista do “negócio”, no qual angariava 60% dos lucros, e ainda financiava o sistema, aportando nele recursos próprios”, afirma o Ministério Público Federal na acusação formal.

Rio. Cabral já foi denunciado 24 vezes pela Lava Jato. Ele é réu em 22 ações penais – em cinco delas, o emedebista já foi condenado na primeira instância a penas que somam 100 anos. Claret, o “Juca Bala”, e Barbosa, o “Tony”, são apontados como operadores financeiros do esquema do ex-governador do Rio. Os doleiros foram presos em março no Uruguai. Extraditados, cumprem prisão domiciliar depois de terem feito acordo de delação premiada.

A reportagem procurou as defesas de Cabral, que está preso, e dos doleiros citados, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição./ JULIA AFFONSO, RICARDO BRANDT, LUIZ VASSALLO, FAUSTO MACEDO e ROBERTA JANSEN

Acusações

24

é o número de denúncias contra o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) na Operação Lava Jato no Rio.