O globo, n. 30965, 18/05/2018. País, p. 4

 

Atrás de Bolsonaro, Alckmin agora quer armas no campo

Silvia Amorim

18/05/2018

 

 

Em baixa nas pesquisas, ele quer facilitar porte em zonas ruais

-SÃO PAULO- Em busca de um eleitorado, por ora, perdido para o adversário Jair Bolsonaro (PSL), o pré-candidato do PSDB à Presidência da República Geraldo Alckmin ensaiou ontem uma defesa do acesso a armas pela população rural. A proposta está em estudo pela equipe de campanha do tucano e poderá ser apresentada na próxima semana quando o ex-governador de São Paulo anunciará o time responsável pelo seu programa para a Segurança Pública.

— Porte de arma pode ter na área rural. Até deve ser facilitado porque as pessoas estão mais distantes (dos grandes centros). Eu morei na zona rural até os 16 anos — afirmou o tucano.

Anteontem, Bolsonaro havia dito, numa feira agrícola em Brasília, que tem como proposta de governo dar um fuzil para cada agricultor. Presente ao evento horas depois, o ex-governador paulista reagiu afirmando que preferiria dar tratores a armas. Ontem, porém, deu um passo a mais. Alckmin, no entanto, evitou entrar em detalhes sobre a proposta, alegando ainda ser embrionária.

 

ANTES, A FAVOR DO ESTATUTO

O tucano sempre defendeu o estatuto do desarmamento. A guinada de discurso é um aceno a agricultores e fazendeiros que andam flertando com Bolsonaro por causa do discurso sobre segurança no campo. Nas últimas eleições, esse eleitorado estava mais próximo do PSDB.

Além disso, a declaração demonstra uma preocupação do tucano, que vem acumulando resultados fracos nas pesquisas de intenção de voto, com Bolsonaro, líder em sondagens que não levam em consideração a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado é hoje o foco prioritário da campanha de Alckmin.

A equipe tucana só enxerga um lugar para o ex-governador no segundo turno se ele conseguir abater a candidatura de Bolsonaro. Faz parte dessa estratégia aproximar o discurso de Alckmin a pautas que vêm sendo defendidas pelo deputado, como a Segurança Pública, sem chegar ao radicalismo do militar.

A permissão de armas de fogo a moradores de zonas rurais esteve em debate no Congresso no ano passado. A mais recente investida foi a aprovação, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, de um projeto que libera a posse — e não o porte — de armas para quem vive fora das cidades. O texto ainda precisa ir a plenário. Atualmente, o porte de armas é concedido apenas a caçadores rurais que comprovem o uso da arma para subsistência de sua família.

Ontem de manhã, Alckmin esteve em São Paulo para anunciar três nomes da equipe econômica que formulará seu plano de governo. Dois figurões que trabalharam no Plano Real — Edmar Bacha e José Roberto Mendonça de Barros — e Alexandre Mendonça de Barros, filho de José Roberto e especialista em agronegócio estão no time.

O pré-candidato a presidente lançou novas promessas para a área econômica: zerar o déficit fiscal de R$ 136 bilhões nos primeiros dois anos de governo e aumentar em 50% as exportações.

Persio Arida aproveitou a oportunidade para explicar melhor a proposta que vem sendo repetida por Alckmin nas últimas semanas.

— Dobrar a renda do brasileiro não é algo que se consegue em um ano nem em um mandato nem em dois — afirmou o coordenador do plano econômico alckmista.

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Sondagem com Doria alerta tucanos

Silvia Amorim

18/05/2018

 

 

Pesquisa vai analisar aprovação de prefeito de SP e Geraldo Alckmin

-SÃO PAULO- Enquanto tentam mostrar que a candidatura à Presidência do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) continua firme, aliados do tucano demonstram preocupação com uma sondagem eleitoral que será divulgada semana que vem e testará o nome do ex-prefeito João Doria (PSDB).

Num esforço para dar ares de normalidade à sua campanha, apesar do fraco desempenho nas pesquisas, Alckmin começou ontem a apresentar as equipes temáticas que formularão seu programa de governo. Depois de divulgar nomes ligados à economia, deve revelar, semana que vem, quem vai cuidar das propostas de Segurança Pública e Educação.

Apesar disso, aliados do exgovernador estão em alerta. Na próxima terça-feira, o Instituto Ipsos deve divulgar uma pesquisa que vai medir a aprovação e o grau de conhecimento de Doria e Alckmin, entre outros presidenciáveis e pessoas que sequer são filiadas a partidos políticos, como o ministro Gilmar Mendes e o juiz Sergio Moro. Pelo menos desde março, o ex-prefeito de São Paulo não aparecia em levantamentos eleitorais porque concorre ao governo estadual. A iniciativa da pesquisa foi do próprio Instituto Ipsos.

A depender da performance de Doria, a situação acentuaria a desconfiança sobre a candidatura de Alckmin dentro e fora do PSDB. Levantamento do CNT/ MDA apontou queda da intenção de voto no ex-governador entre março e maio — de 8,6% para 5,3% — e fez ressurgir especulações de substituição do seu nome. Doria seria um dos cotados.

O entorno do presidenciável tucano diz que são só rumores. O próprio Doria saiu em defesa de Alckmin na quarta-feira dizendo que ele ainda crescerá nas pesquisas quando as articulações por apoios estiverem encerradas. Alckmin adotou o mesmo discurso ontem.

— Tem que crescer na hora certa. Eleição é daqui cinco meses — disse.

Nos bastidores, o time alckmista reclama de um certo abandono da campanha dele pelas lideranças do PSDB. Nessa semana, ele tornou-se alvo mais uma vez do noticiário ligado à Lava-Jato devido a um inquérito que investiga o suposto recebimento de doação ilegal da Odebrecht. Na avaliação de auxiliares mais próximos, nem aliados de primeira hora foram a público defender o pré-candidato.

— Parece que ele é candidato de si mesmo — desabafou um desses colaboradores.

Alckmin tem recebido críticas de colegas de partido que acham que ele deveria investir mais seu tempo na pré-campanha em exposição midiática e viagens pelo país. Essa semana, o tucano esteve apenas em Brasília. Hoje, vai a Minas.

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Justiça julga recurso de Azeredo na terça

18/05/2018

 

 

MP de Minas pede início do cumprimento de pena pelo ex-governador tucano

-BELO HORIZONTE- O Ministério Público de Minas Gerais se manifestou pela rejeição dos embargos declaratórios apresentados pela defesa do ex-senador e ex-governador do estado Eduardo Azeredo (PSDB). Ele foi condenado em segunda instância, no último dia 24, a 20 anos e um mês de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, no esquema que ficou conhecido como mensalão tucano.

Na próxima terça-feira, dia 22, o Tribunal de Justiça fará o julgamento dos embargos. Além de se manifestar pela rejeição, no documento enviado ao Tribunal de Justiça, o procurador responsável pelo caso, Antônio de Pádova Marchi Júnior, reforçou a necessidade da execução provisória de pena, ou seja, a prisão do ex-senador, após o esgotamento dos recursos em segunda instância.

O procurador afirma ainda que este tipo de recurso apresentado por Azeredo, o embargo declaratório, se destina somente a esclarecer dúvidas sobre a decisão que condenou o tucano — e não tem como reverter a decisão.

O advogado Castellar Guimarães informou que a defesa diverge do posicionamento do Ministério Público e entende que, esclarecidos e corrigidos os pontos destacados nos embargos declaratórios, o Tribunal de Justiça deverá reverter a condenação.

No último dia 24, a 5ª Câmara Criminal negou recurso apresentado pela defesa contra a condenação em primeira instância. Dos cinco desembargadores, dois votaram pela absolvição do ex-governador. Os desembargadores também mantiveram a decisão de só autorizar a prisão de Azeredo após se esgotarem os recursos no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG).

O ex-governador foi acusado de participar de um esquema de desvio de dinheiro de estatais para o caixa dois da campanha de reeleição ao governo de Minas, em 1998. A defesa do ex-governador nega o envolvimento dele nos crimes.

Segundo o procurador de Justiça, nos embargos declaratórios, em vez de pedir esclarecimentos sobre a decisão dos desembargadores, a defesa tentou fazer com que todo o conjunto de provas dos autos fosse reavaliado para absolver o acusado. Este tipo de recurso não é capaz de mudar a condenação. Ainda cabem recursos em tribunais superiores.

Azeredo foi condenado em primeira instância em dezembro de 2015, no processo do mensalão tucano, a 20 anos e 10 meses de prisão por peculato e lavagem de dinheiro. No julgamento de segunda instância, a pena foi alterada para 20 anos e 1 mês de prisão.

De acordo com a denúncia, o mensalão tucano teria desviado recursos para a campanha eleitoral de Azeredo, que concorria à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998.

O esquema envolveria a Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e o Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) e teria desviado ao menos R$ 3,5 milhões por meio de supostos patrocínios a três eventos esportivos: o Iron Biker, o Supercross e o Enduro da Independência. Todos os réus negam envolvimento nos crimes. (Do G1)

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STF manda processo de Wladimir para 1ª instância

18/05/2018

 

 

-BRASÍLIA- O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou para a primeira instância um processo em que um advogado do Pará acusou o deputado Wladimir Costa (SD-PA) por injúria e difamação em razão de um vídeo e publicações feitas na internet. Com a decisão, Celso interpreta que nem todas as declarações de um deputado ou senador têm relação com suas atividades no Congresso, nem estão protegidas pela imunidade parlamentar. Assim, quando há indícios de crimes, o caso deve ser enviado para a primeira instância como forma de cumprir decisão recente do STF que restringiu o foro privilegiado.

Wladimir ficou conhecido por ter feito uma tatuagem falsa com o sobrenome do presidente Michel Temer. Recentemente, foi flagrado num vídeo agredindo um professor.

“O caso ora em exame evidencia que os ilícitos penais atribuídos ao congressista em questão não se ajustam ao critério da funcionalidade, pois desprovidos de relação causal (ou de conexão) com o desempenho do mandato legislativo e das funções a este inerentes”, escreveu Celso. A defesa do deputado nega que ele tenha cometido injúria e difamação.