Correio braziliense, n. 20142, 15/07/2018. Política, p. 4
Ciro se aproxima do Centrão
15/07/2018
ELEIÇÕES 2018 » Lideranças do DEM, PP, Solidariedade e PRB se reuniram com o pré-candidato à Presidência pelo PDT para alinhavar pontos de convergência nas propostas. Um novo encontro está marcado para esta semana
O pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, Ciro Gomes, acertou com líderes dos partidos do chamado Centrão — que reúne DEM, PP, Solidariedade e PRB — que tentará ajustar, no prazo mais curto possível, propostas comuns, principalmente na área econômica, que viabilizem o apoio das legendas à sua candidatura. Em reunião realizada ontem, na casa do empresário Benjamin Steinbruch, em São Paulo, os partidos também se comprometeram a definir suas propostas prioritárias.
Estiveram reunidos com Ciro o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o prefeito de Salvador, ACM Neto, pelo DEM, e os presidentes do PP, Ciro Nogueira, do Solidariedade, Paulinho da Força, do PRB, Marcos Pereira, do PDT, Carlos Lupi. No encontro, não houve definição de aliança, mas, de acordo com um dos participantes, as conversas “afunilaram mais” em torno do nome de Ciro.
O grupo, visto como fiel da balança na disputa ao Palácio do Planalto, busca fechar apoio a um dos candidatos antes das convenções, que começam no próximo dia 20. O presidenciável tucano, Geraldo Alckmin, também negocia com partidos do bloco.
Após cerca de três horas de conversas, as legendas decidiram voltar a se reunir durante a semana. Um dos encontros deve ser com representantes do PR, que já integrou o grupo, mas, no momento, negocia com o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
O Centrão, que agora também é chamado de Blocão, compõe a terceira bancada da Câmara, com 49 deputados, de quatro partidos, todos da base do presidente Michel Temer. O PP é o maior partido do bloco e controla os ministérios da Saúde, Cidades e Agricultura — com orçamentos que, juntos, somam R$ 153,5 bilhões —, além de ter o comando da Caixa Econômica Federal.
Temer já avisou aos aliados que não admite que eles apoiem Ciro Gomes, que, recentemente, o chamou de “quadrilheiro” e “ladrão”. As ameaças, externadas pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, no entanto, não tiveram efeito.
Na reunião, os líderes partidários foram unânimes em dizer que, se o governo se estressar, que leve os ministérios e os cargos. Outro participante do encontro afirmou que eles não estão preocupados com a ameaça do governo.
Os pontos considerados mais importantes a serem “ajustados” entre o bloco e Ciro Gomes são em relação às reformas da Previdência e trabalhista, além das regras para a manutenção do equilíbrio fiscal. Acertaram, então, que Centrão e Ciro elaborarão as suas pautas econômicas e, se possível, ainda nesta semana, vão avaliar os pontos em comum e divergentes, para que cheguem a um discurso unificado, ou o mais próximo possível.
Juntos, os partidos do Blocão têm, no mínimo, 4 minutos e 12 segundos por dia no horário eleitoral de rádio e TV, que começa em 31 de agosto. O cálculo feito na reunião é que, se somar isso ao PDT e ao PSB, o tempo sobe para mais de seis minutos. Outra avaliação é que os partidos do Blocão têm palanques importantes, principalmente no Nordeste e no Sudeste.
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PSDB boicota França em SP
15/07/2018
O PSDB em São Paulo migrou para oposição ao governo estadual na Assembleia Legislativa (Alep), após 23 anos, sendo mais duro com o governo Márcio França (PSB) do que foram os adversários nos seis mandatos seguidos em que o partido comandou o estado.
Para contrariar os interesses de França, que completou ontem 100 dias no cargo, a bancada do PSDB tem obstruído até a votação de projeto encaminhado pelo antecessor e presidente nacional do partido, Geraldo Alckmin — que renunciou ao governo estadual em abril para concorrer à Presidência.
Trata-se da proposta que extingue o Instituto de Pagamentos Especiais de São Paulo (Ipesp), autarquia que gere a carteira previdenciária dos advogados e das serventias notariais (cartórios). Com a extinção, o fundo passaria a ser gerido pelo estado, o que colocaria cerca de R$ 1,2 bilhão de uma vez no Tesouro paulista.
A verba, embora carimbada, ajudaria o governo França a fechar as contas de 2018 no azul, no momento em que a arrecadação com impostos ainda cresce abaixo das expectativas. “Nossa obrigação é votar esse projeto até o fim do ano para o estado não fechar no vermelho. O Márcio tem pressa, porque ele torrou dinheiro do estado com programas eleitoreiros, como os convênios de recapeamento com as prefeituras. Por isso, a cautela”, disse o presidente da Alesp, Cauê Macris (PSDB).
Para Marco Vinholi, líder do PSDB na Alesp, há um alinhamento político do governo França com partidos de esquerda que simbolizaria a “ruptura” com o governo Alckmin, o que justificaria uma oposição feroz.
O PSDB está boicotando um projeto de autoria de Alckmin só para prejudicar o governador Márcio. Na verdade, eles só querem tumultuar. Colocam os interesses eleitorais acima dos interesses do estado. É lamentável”, disse o líder do governo, Carlos Cezar (PSB).