Título: Estatal manterá os contratos
Autor: Mainenti, Marina
Fonte: Correio Braziliense, 26/04/2012, Economia, p. 17

Estatal manterá os contratos

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou ontem que a estatal planeja continuar investindo na Argentina, apesar da iniciativa do país vizinho de nacionalizar o controle do grupo espanhol Repsol na petrolífera YPF. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, Graça Foster, como é conhecida, disse que considera legítimo o governo argentino ter procurado, na semana passada, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, propondo o aumento dos investimentos brasileiros no país vizinho.

Mas ressaltou que não há a intenção de investir além do programado. Sem tecer comentários "sobre o modelo tomado pelos argentinos", a executiva disse que a Petrobras é "só uma operadora" na Argentina. "A previsão de investimento (em torno de US$ 500 milhões, igual valor do ano passado) não será maior porque houve pedido de ampliação de investimentos", declarou Graça Foster, ressaltando que a prioridade da empresa é investir dentro do Brasil, particularmente na exploração do pré-sal.

Ela prevê também uma dura disputa da Petrobras com a província argentina de Neuquén, onde o governo local cancelou unilateralmente uma licença da estatal brasileira para explorar campos de gás em terra. "Perdemos uma concessão, mesmo tendo cumprido o programa exploratório mínimo previsto. Mas estamos buscando nossos direitos junto à província", avisou.

Segundo ela, como companhia de capital aberto, é seu dever se posicionar sobre o caso, assim como ocorreu quando o governo boliviano também questionou operações da estatal naquele país. Sem citar nomes, Graça Foster avisou que o Brasil não seguirá o caminho de outros países latino-americanos, como Argentina, Venezuela, Bolívia e Equador, que estatizaram empresas do setor.

Até o fechamento desta edição, o Senado argentino debatia o projeto de lei do Executivo que cria novo marco legal para o setor petrolífero, permitindo nacionalizações como a da YPF. A tendência era de aprovação com folga.