Título: Do lixo à Polícia Federal
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 26/04/2012, Economia, p. 18

Do lixo à Polícia Federal

Perícia vai avaliar se há indícios de fraude no descarte de provas do concurso da Caixa encontradas em terreno baldio

A Polícia Civil encaminhou ontem três caixas com provas e lacres de envelopes do concurso da Caixa Econômica Federal, encontradas em um terreno baldio, à Polícia Federal. Os documentos passarão por uma análise prévia e, em seguida, serão encaminhados à perícia, que vai definir se será aberto um inquérito.

O material foi descartado em uma área do Guará II na madrugada de segunda-feira, um dia depois da aplicação dos testes para técnico bancário, que reuniu 1.086.514 concorrentes em todo o Brasil. A ocorrência coloca em xeque a credibilidade do certame, que corre o risco de ser anulado, caso as investigações concluam que houve fraude.

De acordo com a assessoria de imprensa da PF, o laudo da perícia será encaminhado ao Ministério Público e à Caixa, para que a instituição tenha conhecimento do possível vazamento das provas. Suspeita-se de uso de informação privilegiada.

A Fundação Cesgranrio, organizadora da seleção, divulgou nota assegurando que "as três caixas encontradas pela polícia constituem lixo do concurso de domingo, descartado inadvertidamente depois do encerramento da seleção por um auxiliar de fiscalização". A atitude é recriminada pela fundação, que determina o descarte do lixo somente depois de 40 dias da aplicação dos testes.

A banca ressaltou ainda que a seleção do último domingo ocorreu sem qualquer problema, "o que garante a lisura do exame". Procurada pelo Correio, a Caixa Econômica Federal informou que está aguardando o resultado das investigações.

Ocorrência Uma denúncia feita na terça-feira na 4ª Delegacia de Polícia (Guará II) informou que as caixas teriam sido abandonadas em um terreno na QE 40. "No local havia muitas provas, envelopes lacrados, testes em branco e até preenchidos", conta o delegado-chefe da 4ª DP, Jeferson Lisboa.

Não é o primeiro problema da seleção, considerada a mais movimentada do ano até o momento, com mais de 1 milhão de inscritos. No último dia 14, quando foram aplicados os testes de nível superior, para 69.958 inscritos, um malote violado foi encontrado em uma das salas da Faculdade de Administração Espírito-Santense, em Vitória (ES).

Em nota divulgada logo depois, a Fundação Cesgranrio reconheceu que o pacote foi rompido, mas alegou que o corte ocorreu no momento em que os fiscais abriam, com um estilete, os lacres que protegem as provas. O malote suspeito também foi encaminhado à PF.