O globo, n. 30972, 25/05/2018. Economia, p. 20

 

Combustível de aviação acaba em seis aeroportos

Manoel Ventura e Geralda Doca

25/05/2018

 

 

Azul cancelou 17 voos; terminais menores são mais prejudicados

-BRASÍLIA- A greve dos caminhoneiros afetou ontem voos e a operação em diversos aeroportos do país por causa da falta de combustível para abastecer as aeronaves. A Azul anunciou o cancelamento de 17 voos. A empresa foi a mais atingida porque atua nos terminais de menor porte. As outras companhias informaram que os voos não foram afetados. Elas, no entanto, adotaram planos de contingência para amenizar os impactos da paralisação e não estão cobrando taxas dos consumidores para remarcar os bilhetes.

Um relatório da Infraero sobre a situação dos aeroportos, divulgado às 18h de ontem, mostrou que o combustível (querosene de aviação) tinha acabado em seis aeroportos administrados pela estatal: Carajás (PA), São José dos Campos (SP,) Uberlândia (MG), Ilhéus (BA), Palmas (TO) e Juazeiro do Norte (CE). Em outros cinco, o combustível só era suficiente para mais 12 horas (Recife, Goiânia, Maceió, Londrina e Navegantes).

Segundo o balanço, a reserva do produto garante as operações do aeroporto de Vitória por até 18 horas. Nos 29 restantes, a situação é pouco mais tranquila, e o combustível é suficiente por por um período superior. Estão nesta lista Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ).

Em relação aos aeroportos concedidos, a situação é mais crítica em Brasília, Confins (Belo Horizonte) e Porto Alegre. Eles já estão com racionamento de combustível. Nos demais terminais privatizados, como os de Guarulhos e Galeão, o quadro está sob controle, segundo autoridades do setor aéreo.

 

ANAC: 10% DOS VOOS CANCELADOS

Segundo a concessionária Inframérica, que administra o aeroporto de Brasília, o fornecimento de combustível continua racionado, mas a reserva era suficiente para atender à demanda. Com a falta de querosene, somente pousarão aeronaves com capacidade para decolar sem a necessidade de abastecimento na capital federal. Ontem um caminhão de combustível chegou ao prédio com 60 mil litros de querosene. Diariamente, o terminal recebe uma média de 20 desses veículos. Nos últimos dias, apenas dez caminhões chegaram ao aeroporto, todos sob escolta policial.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que acompanha em tempo real o abastecimento dos aeroportos e os possíveis impactos às operações. “Mesmo com a escassez de combustível nos aeroportos, todos os voos que estão em operação seguem abastecidos dentro do estabelecido pelos regulamentos da Agência”, informou o órgão. Segundo balanço da agência, o índice de voos cancelados até as 18h era de 10% — considerado dentro dos padrões de normalidade.

Tanto a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) quanto a Anac recomendam que os passageiros com voos marcados para os próximos dias consultem as empresas aéreas antes de se deslocarem para os aeroportos, até que a situação se normalize.

Associação que reúne as principais empresas responsáveis pelo abastecimento nos aeroportos, a Plural informou que acionou um comitê de gerenciamento de crises, e que pediu, desde o início da semana, apoio a órgãos do governo para que seja assegurada a livre circulação dos caminhões de distribuição de combustíveis e lubrificantes.