Título: Delta deixa outra obra
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Fonte: Correio Braziliense, 27/04/2012, Politica, p. 4

Delta deixa outra obra

No centro do caso Carlinhos Cachoeira, a Delta Construções deixou ontem mais uma obra pública, do corredor expresso Transcarioca, no Rio de Janeiro, que ligará os bairros da Barra da Tijuca e da Penha. A empresa participava do consórcio responsável pela construção, orçada em R$ 798 milhões, ao lado da Andrade Gutierrez — a parceira tocará o negócio sozinha a partir de agora. A Delta detinha 42% das ações.

De acordo com a prefeitura do Rio de Janeiro, cerca de 35% da obra está concluída e 29% do valor do contrato foi quitado. Antes da Transcarioca, a Delta já havia deixado o consórcio para reforma do estádio do Maracanã — tocada agora apenas pela Andrade Gutierrez e pela Odebrecht. A arena custará cerca de R$ 850 milhões. Desde 2007, a construtora já recebeu R$ 862 milhões em repasses do Orçamento da União para obras.

Para tentar contornar a crise, a Delta anunciou a troca da diretoria da empresa. O antigo presidente Fernando Cavendish deixou o cargo e o engenheiro Carlos Alberto Verdini assumiu o posto. A companhia também anunciou uma auditoria externa para analisar contratos da empresa.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, ontem, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, comentou sobre a situação da Delta, que pode ser considerada inidônea em processo aberto pela Controladoria-Geral da União (CGU). Caso isso ocorra, a empresa ficaria impedida de firmar novos contratos com a União e de captar financiamento em instituições públicas.

Segundo Miriam, o governo não se preocupa com a possibilidade de a empreiteira quebrar. "Vamos ver acontecer, quando e se isso acontecer (ser considerada inidônea pela CGU). Vamos analisar o que pode ser feito. Isso (quebrar) é um problema da empresa e não do governo", resumiu a ministra.

Perillo pede para ser investigado A defesa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), pediu que a Procuradoria-Geral da República instaure um inquérito para investigar a participação do tucano no caso Cachoeira. Gravações feitas pela Polícia Federal levantam a suspeita de que ele teria recebido dinheiro do bicheiro escondido em uma caixa de computador. O valor teria sido enviado ao Palácio das Esmeraldas pelo ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez e somaria R$ 500 mil. O relatório da PF traz os diálogos com o título: "Entrega de dinheiro no palácio do governo de Goiás". Perillo classificou a acusação como "irresponsável, leviana, inverídica e despropositada".