Título: A moeda de troca do DEM
Autor: Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 29/04/2012, Política, p. 10

Incomodado com a demora do PSDB em se posicionar sobre alianças nas eleições municipais, o DEM escolheu a disputa pela prefeitura de São Paulo como instrumento para pressionar os tucanos a ceder espaço em três capitais consideradas estratégicas, Salvador, Recife e Macapá. A prioridade na formação das chapas pelas prefeituras dessas três cidades é o preço estipulado pelo Democratas para aderir à candidatura de José Serra na capital paulista, mesmo que a vaga de vice seja preenchida pelo PSD.

Sem a garantia do apoio tucano, o plano B do DEM em São Paulo passa a ser integrar a base de sustentação da candidatura do peemedebista Gabriel Chalita, diz o presidente do diretório paulista do Democratas, deputado Jorge Tadeu Mudalen. "Se nada está definido nesses estados, também não tem nada acertado em São Paulo", afirma o parlamentar. O recado sobre os reflexos do impasse entre DEM e PSDB na prefeitura de São Paulo foi dado na semana passada ao governador Geraldo Alckmin, um dos principais articuladores políticos da campanha de Serra.

Os tucanos têm preferido empurrar com a barriga a decisão, mas os respingos das negociações em outros estados já fazem a sigla considerar um cenário eleitoral sem a presença do DEM na aliança em torno de Serra. "Temos dificuldades em formar uma aliança em que o PSD esteja participando, como deve ser o caso de São Paulo, mas nossa maior preocupação são as prefeituras de Salvador, Recife e Macapá", diz o presidente do DEM paulista. Apesar de estar pressionando por uma resposta rápida dos tucanos, Mudalen acredita que só obterá uma resposta definitiva do PSDB depois que o Tribunal Superior Eleitoral definir a disputa entre DEM e PSD por uma fatia do fundo partidário e tempo de tevê. A votação está dois a um a favor do PSD. Quatro ministros faltam se posicionar, assim que o julgamento for retomado.

Alternativa Em Salvador, o DEM aposta na candidatura do deputado ACM Neto. Um acordo com o PSDB forçaria os tucanos a abrir mão da candidatura de Antonio Imbassahy. "A presença de um candidato forte do PSDB complica o quadro", admite o presidente do DEM-BA, José Carlos Aleluia. Ele, contudo, reforça a sinalização de que a aliança com o PMDB no estado é uma alternativa viável, caso o PSDB se mantenha hesitante na composição de uma aliança com o DEM. "Quando você só tem um porto para atracar, não há o que negociar. Nós estamos conversando porque temos, sim, mais de uma opção", diz Aleluia.

A situação entre as duas legendas também está longe de se resolver na capital pernambucana. Bem posicionado entre os candidatos oposicionistas nas pesquisas de intenção de votos, o deputado federal Mendonça Filho é a opção do DEM para a prefeitura de Recife. O PSDB trabalha por uma candidatura própria do deputado estadual Daniel Coelho. "Tudo vai depender de quem será o nosso adversário. Para enfrentar um candidato unificado, apoiado pelo governador Eduardo Campos (PSB), é melhor que haja mais de um nome de oposição", defende o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).

"Temos dificuldades em formar uma aliança em que o PSD esteja participando, como deve ser o caso de São Paulo, mas nossa maior preocupação são as prefeituras de Salvador, Recife e Macapá" Jorge Tadeu Mudalen, presidente do DEM-SP