Correio braziliense, n. 20131, 04/07/2018. Política, p. 4

 

Brasília-DF

Denise Rothenburg

04/07/2018

 

 

“Eu teria que ser ungido”

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato a presidente da República pelo PSDB, sofre mais um ataque especulativo dentro do próprio partido. É que o ex-prefeito de São Paulo João Dória, pré-candidato ao governo paulista, ainda flerta com um milagre que possa fazer dele o candidato tucano ao Planalto. Quem tem conversado reservadamente com João Dória registra frases do tipo, “eu não posso chegar para o Alckmin e dizer que quero ser candidato. Tenho que ser ungido”.

Para quem acompanha o dia a dia das negociações em torno de alianças e pré-candidaturas presidenciais, a senha está dada: Dória pessoalmente não fará movimentos ousados em direção a uma candidatura a presidente. Mas, se os partidos se movimentarem em direção ao seu nome, ele encara o novo jogo na hora. O PSDB, entretanto, não caminha nessa direção. Mas a desconfiança de que o partido está agoniado com os índices de Alckmin cresce a cada dia. Não por acaso, Dória teve um encontro com o presidente Michel Temer e Paulo Skaff, pré-candidato do MDB, na última segunda-feira. E ontem se reuniu com FHC. Estão todos em movimento.  Já tem gente pensando em dizer a Alckmin: “Você inventou Dória. Agora, aguenta”.

A hora dos embates I

Esse período de lusco-fusco, de final de semestre na Câmara, é o momento ideal para votar projetos que modificam o planejamento econômico do governo. A indústria de refrigerantes passou o dia no Congresso correndo atrás do decreto legislativo que retoma o desconto do PIS/Cofins para o setor, algo em torno de R$ 780 milhões.

A hora dos embates II

O desconto no PIS/Cofins foi retirado depois da greve dos caminhoneiros, para que o governo pudesse compensar a perda de receita na redução do PIS/Cofins do diesel. O decreto já foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e seguiu para o plenário. (...)

Bolsonaro e o PR

O ex-deputado Valdemar Costa Neto está seriamente empenhado em levar seu partido, o PR, para o colo do pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro. O raciocínio do partido é o seguinte: Bolsonaro, se vencer, precisará dos partidos de direita e de centro para governar. E, se o PR chegar primeiro, como é maior que o PSL, vai dominar um futuro governo.

Dificuldades & facilidades

Os entraves para ter quorum no Congresso em favor dos projetos governamentais serão cada vez maiores. Tudo está entrando na negociação, desde apoio nos estados até a liberação de recursos ainda no período pré-eleitoral, ou seja, 7 de julho. Não por acaso, há uma romaria de prefeitos na cidade.

Curtidas

Chutou para fora I/ O pré-candidato a presidente da República Jair Bolsonaro propôs o aumento do número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de 11 para 21, sem fazer as contas. Num país em que a escassez de recursos impera, a proposta praticamente dobraria o orçamento anual do STF, sem que haja hoje uma fonte de recursos para isso.

Chutou para fora II/ A leitura geral da política foi a de que Bolsonaro deseja, se eleito presidente, ter o direito de indicar dez ministros e, assim, formar uma maioria.

Por falar em Bolsonaro.../ Ele, como todos os demais parlamentares, assistia ao final do jogo Inglaterra versus Colômbia na sala de café, quando começam os flashes. Na hora, ele se vira para os fotógrafos: “Pronto! Olha só! Vão fotografar para dizer que, em vez de trabalhar, eu estava assistindo ao jogo!” Ele e todas as torcidas da política.

Quercismo no Congresso/ O ex-deputado Marcelo Barbieri (MDB-SP) lança sua autobiografia hoje, às 16h, no salão negro da Câmara. Considerado o mais fiel dos quercistas, fará uma homenagem ao ex-governador e ex-presidente do partido.

CB.Poder/ O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Ronaldo Fonseca, é o entrevistado de hoje do CB.Poder, ao vivo, 13h25. O programa é uma parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília, canal 6. E transmissão ao vivo pelo Facebook do Correio.