O globo, n. 30987, 09/06/2018. País, p. 4

 

Perillo disputa comando do PSDB com Alckmin

Silvia Amorim

09/06/2018

 

 

Ex-governador de Goiás defende que presidenciável peça licença do cargo

Uma disputa pelo comando nacional do PSDB foi o pano de fundo do jantar indigesto, esta semana, entre o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) e caciques tucanos em São Paulo. Articuladores da campanha tucana apontam uma tentativa do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, de assumir a presidência do partido para o período eleitoral. O plano passaria por convencer Alckmin a se licenciar do cargo de presidente nacional do PSDB e se dedicar exclusivamente à candidatura. Como primeiro-vice-presidente da legenda, Perillo é quem ocuparia a direção.

AILTON DE FREITAS/04-10-2017Queda de braço. Alckmin e Perillo, ex-governadores: disputa no ninho tucano
O encontro, ocorrido na segunda-feira num hotel na capital paulista, havia sido convocado por Alckmin para avaliar a preparação do PSDB para as eleições. Estavam na reunião Perillo, os principais membros da Executiva e alguns parlamentares.

Depois de ouvir queixas sobre a condução de sua campanha e do partido, Geraldo Alckmin lembrou os colegas quem o havia indicado para o comando da sigla. Além disso, disse que a candidatura presidencial havia sido escolhida pelo PSDB e que, portanto, se não estivessem satisfeitos, poderiam trocá-lo. Para os presentes, ficou claro que o tucano não tinha intenção de desistir da disputa ao Planalto nem da presidência do PSDB.

Nos dias que se seguiram ao mal-estar, o recado de Alckmin foi confirmado por seus aliados nos bastidores. Eles dizem que, dias antes do jantar, foi identificado um movimento entre deputados federais tucanos para tornar Marconi Perillo presidente do PSDB.

— Geraldo nunca vai deixar a presidência do partido num momento em que tem pela frente uma campanha presidencial. Isso está fora de cogitação — afirmou um aliado de Alckmin.

 

PERILLO DISPUTOU INDICAÇÃO

No comando da legenda, cabe a Alckmin arbitrar sobre palanques estaduais e, principalmente, a distribuição dos recursos do fundo eleitoral para os principais candidatos do partido. Articuladores do presidenciável dizem que concordar com uma ascensão do exgovernador de Goiás à presidência do partido teria potencial para ressuscitar o racha interno de 2017, só contornado com a escolha de Alckmin para dirigir a legenda.

Em dezembro passado, quando o PSDB elegeu a nova Executiva Nacional, Perillo disputava a indicação de presidente com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Para evitar uma disputa fratricida, o expresidente Fernando Henrique Cardoso convenceu Alckmin a ser a alternativa pacificadora, e Perillo e Jereissati abriram mão da vaga.

Aliados de Alckmin também dizem que Perillo pleiteava a coordenação nacional da campanha do presidenciável, o que não foi aceito. Governador reeleito por Goiás, ele é précandidato a uma vaga no Senado nesta eleição. O tucano tem tido uma relação próxima com o ex-prefeito de São Paulo e pré-candidato a governador João Doria, o que tem feito aumentar a desconfiança dos apoiadores de Alckmim. Procurado, Marconi Perillo não se manifestou.