Título: Depósitos separados
Autor: Bonfanti, Cristiane
Fonte: Correio Braziliense, 05/05/2012, Economia, p. 14
Depósitos separados
Para controlar os montantes depositados e os rendimentos diferenciados que serão creditados quando a taxa Selic ficar em 8,5% ou menos, os bancos já estão obrigados a separar os saldos resultantes dos depósitos feitos na caderneta pelos clientes desde ontem. Esse procedimento está previsto na medida provisória editada pelo governo, para os bancos se prepararem para as mudanças que virão no fim do mês.
Não significa que eles já receberão o rendimento calculado pela nova norma. Conforme a MP, será aplicada a nova fórmula quando estiver em vigor a Selic de 8,5% "na data de início do período de rendimento" do depósito. O governo explicou que ninguém precisa abrir uma nova conta de poupança.
Isso é importante porque o Banco Central divulga previamente a rentabilidade mensal da caderneta sempre para o período dos próximos 30 dias. Assim, quem deposita hoje já sabe o ganho que terá no aniversário da conta, daqui a um mês. Na data de mudança da Selic, provalmente dia 30 deste mês, o BC divulgará então o rendimento dos 30 dias seguintes para o depósito feito a partir de então, com base na nova regra de cálculo (correspondente a 70% da Selic mais a TR).
Cada depósito feito na poupança tem sua data de "aniversário" mensal. Essa só será a mesma se o poupador fizer as aplicações sempre no mesmo dia do mês. Caso contrário, ele terá vários saldos com "aniversários" em diversas data. Isso pesa no bolso do cliente porque a poupança não oferece liquidez diária, apenas mensal. Ou seja, o resgate sem perda do rendimento mensal só é vantajoso na data de aniversário. Fora disso, o investidor perde o ganho a que teria direito pelos dias aplicados.
Por isso, mesmo rendendo menos ou próximo à poupança, boa parte dos fundos de renda fixa continua atrativa para quem precisa do dinheiro na curto prazo. A possibilidade de fazer resgates em qualquer dia, sem perda total do rendimento, torna essas aplicações mais interessantes que a poupança. Para prazos mais longos, os fundos não são vantajosos porque os bancos cobram taxas de administração altas, que engolem parte do ganho. O investidor ainda paga Imposto de Renda, que varia de 22,5% a 15%, conforme o prazo da aplicação. A poupança é isenta de IR. Somente quem tem grandes quantias para investir consegue rentabilidade maior que a da poupança. (AD e CB)