O Estado de São Paulo, n.45573 , 27/07/2018. Política, p.A4

Siglas do Centrão e PSDB são rivais em 12 Estados

Renan Truffi

Vera Rosa

Camila Turtelli

 

 

 

SIGLAS DO CENTRÃO E PSDB SÃO RIVAIS EM 12 ESTADOS

 

Eleições. Bloco partidário formado por PR, PRB, PP, DEM e Solidariedade confirma aliança com Alckmin; tucano terá, porém, de administrar disputas em campanhas regionais

O Centrão, grupo que reúne PR, PRB, PP, DEM e Solidariedade, oficializou ontem o apoio à pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, encerrando uma negociação que durou meses. A aliança, com dez legendas no total, dará ao tucano cerca de 4 minutos e 40 segundos em cada bloco no horário eleitoral – o que representa cerca de 38% dos 12 minutos e 30 segundos de propaganda presidencial em cada bloco –, mas ainda deixou pendente a escolha de um vice na chapa após a recusa do empresário Josué Gomes da Silva (mais informações nesta página).

Alckmin terá, porém, de administrar conflitos em ao menos 12 Estados onde partidos do bloco rivalizam com o PSDB ou com siglas que já apoiavam o pré-candidato tucano (PSD, PTB, PPS e PV) em campanhas regionais, segundo levantamento do Estadão/Broadcast. Estagnado com 7% nas intenções de voto, o précandidato terá de conciliar palanques importantes para alavancar sua campanha, como o caso de Minas, segundo maior colégio eleitoral do País. Em sete Estados, os tucanos são adversários diretos de pré-candidatos do DEM, por exemplo.

Em Minas, onde os tucanos lançaram o senador Antonio Anastasia ao governo, o DEM insiste em manter a candidatura do deputado Rodrigo Pacheco. Ainda ontem, deputados do Centrão procuraram a campanha tucana para pedir interferência na disputa entre os dois. Segundo um dos parlamentares do bloco, por influência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Pacheco se recusa a abrir mão da candidatura, o que tem atrasado a formação da chapa.

A situação teria complicado depois que Anastasia escolheu o deputado Marcos Montes (PSD-MG) como vice. Parlamentares temem não se reeleger por causa do racha.

Questionado sobre como resolveria esse tipo de entrave, Alckmin contemporizou. “Cada um tem sua singularidade, onde puder juntar todo mundo, estamos fazendo um esforço.”

Terceiro maior colégio eleitoral, o Rio também tem um imbróglio entre os partidos. No Estado, dois aliados devem ter candidatos próprios ao governo: o DEM, com Eduardo Paes, que oficializou a candidatura ontem, e o PSD, que deve lançar Indio da Costa. Nesse caso, os tucanos estudam ficar ao lado de Paes, mas com o consentimento do ministro Gilberto Kassab, dirigente do PSD, que não teria exigido apoio obrigatório ao nome do partido.

 

‘Conciliação’. No ato em Brasília, que selou o apoio do Centrão, Alckmin se posicionou no meio da mesa na qual estavam dirigentes de cada um dos partidos – todos eles citados em delação de executivos da Odebrecht ou alvos de investigação, incluindo o tucano. Comandante do PR, Valdemar Costa Neto não participou do ato; ele foi representado pelo deputado Milton Monti (PR-SP).

Pregando “conciliação” contra o “extremismo e o populismo”, Alckmin disse que o bloco foi para sua campanha por “convicção”. “Seria fácil vir para minha pré-candidatura se eu estivesse em primeiro lugar.”

No mesmo tom, o presidente do DEM, ACM Neto (BA), afirmou que as legendas tiveram que abrir mão de “interesses pessoais” para fazer a aliança.

ACM Neto também admitiu que o bloco teve “dúvidas”, em referência indireta às negociações com o candidato Ciro Gomes (PDT), mas emendou dizendo que pesou o “coração”. “Todos os partidos tinham précandidatos e fomos capazes de deixar de lado as questões internas para promover uma aliança encarada por muitos com ceticismo e desconfiança.”

Na cerimônia, ACM Neto leu uma carta do presidente da Câmara abrindo mão de sua candidatura ao Palácio do Planalto. Maia, que está fora do País para não ficar inelegível com a viagem de Michel Temer (MDB), já havia dito internamente que não concorreria à sucessão do presidente para ser candidato à reeleição. Faz parte do acordo com o Centrão o apoio à recondução do deputado para o comando da Casa em 2019. / COLABOROU MARIANA HAUBERT

 

Apoio

Líderes do PRB, DEM, PP e Solidariedade compuseram a mesa ao lado de Alckmin

 

'Esforco'

“Seria fácil vir para minha pré-candidatura se eu estivesse em primeiro lugar (...) Cada um tem sua singularidade, onde puder juntar todo mundo, estamos fazendo um esforço.”

Geraldo Alckmin

CANDIDATO DO PSDB À PRESIDÊNCIA

 

DISPUTAS REGIONAIS

PARTIDOS DO CENTRÃO

DEM

 

MT / GO / MG / SE / SC

Partido é o que concorre com o PSDB em mais Estados (5)

 

PR

MT / SC

Além do PR, PSDB, PSD, DEM e PP têm nome em Santa Catarina

 

PP

AM /RR /SC / RS

Legenda pode concorrer com PSDB em 4 Estados

PRB

RR

Partido tem conflito em Roraima, onde PSDB não definiu posição

 

Solidariedade

RN

Embate é no Rio Grande do Norte, onde PSDB avalia apoiar o PSD

 

ALIADOS PRÉ-CENTRÃO

PSD

AM / SE / SC

No AM, PSDB cogita lançar nome ou apoiar PSD; PP também concorre

 

PTB

RR / PE

PSDB ainda não decidiu se apoia petebista em Pernambuco

 

PPS

RR / RJ

No Rio de Janeiro, legenda disputa com DEM