O globo, n. 30988, 10/06/2018. País, p. 9

 

Paes tenta evitar, mas DEM já anuncia candidatura a governador

Jeferson Ribeiro

10/06/2018

 

 

Em evento do partido, ex-prefeito foi lançado por Rodrigo Maia e ACM Neto

O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes fez de tudo para evitar que sua pré-candidatura ao governo do estado fosse anunciada no evento que o DEM realizou ontem no Rio, mas não conseguiu. O presidente da legenda e prefeito de Salvador, ACM Neto, pediu desculpas ao amigo e disse que não tinha como evitar a sua convocação.

Ao chegar ao encontro do DEM, partido para o qual migrou tentando fugir do desgastado MDB, Paes disse que não anunciaria nada sobre seu futuro político e que ainda tinha compromissos profissionais no mercado privado, incluindo uma viagem agendada para a Colômbia.

Ele quer evitar, também, a antecipação de ataques que sofrerá de adversários durante campanha pela ligação com o governo de Sérgio Cabral no estado. No entanto, seus aliados não conseguiram esperar.

— Aqui hoje, como presidente nacional do Democratas, quero fazer um chamamento a todos os militantes: vamos nos juntar para fazer de Eduardo Paes o futuro governador do Rio — discursou o prefeito de Salvador ACM Neto.

ACM Neto disse que não poderia aceitar o pedido de Paes para que seu nome não fosse lançado no evento.

— Meu velho, eu sei que você me pediu para que eu não dissesse isso. No entanto, eu não poderia estar aqui e me ausentar desse papel porque o Rio precisa de você — declarou.

“AFINIDADE” COM AGENDA DE ALCKMIN

Pouco antes, Paes havia discursado e, durante sua fala, não tocou na possibilidade de candidatura, atendo-se apenas a dizer que estava desacostumado a falar com o público.

O evento foi marcado para reforçar, pelo menos até o período das convenções partidárias, no final de julho, a pré-candidatura à Presidência da República do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que brincou sobre a tentativa de Paes de fazer mistério:

— O presidente do partido fez o lançamento e eu confirmei. Acho que mais umas quatro semanas a gente consegue tirar o sim do noivo.

O próprio Maia já começa a admitir que não sustentará a candidatura até o final, e falou ontem sobre o “grande sonho de liderar esse processo”, mas que não vai “jogar o Brasil no abismo”.

— Vamos continuar liderando essa pré-campanha até o final de julho, mas com a certeza que o nosso campo precisa construir uma candidatura que tenha viabilidade de vitória.

Sobre possíveis alianças, o presidente da Câmara declarou que vê uma maior “afinidade política” do DEM com a agenda do pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, do que com a da pré-candidatura do ex-ministro Ciro Gomes, do PDT. A avaliação ocorre no momento em que integrantes da legenda de Maia têm cogitado uma aliança com o pedetista.

— Eu não acho fácil dentro do DEM (uma aliança). O Ciro, em 2000, apoiou a gente aqui no Rio, não temos problemas com o Ciro. Ele tem umas posições sobre as quais divergimos, mas é normal. Eu também tenho algumas divergências com o Geraldo, embora menos do que com o Ciro. Eu não fecho a porta para ninguém.

Segundo Maia, quem é do centro tem que estar disposto ao diálogo sem restrições.

— Do meu ponto de vista, temos que ter a capacidade de dialogar com todos. Porque também se a gente fica dizendo que é centro e quer excluir o Ciro Gomes do diálogo, então (a gente) não é bem de centro — argumentou.

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Em resolução, PT tenta construir ponte com PSB

Sérgio Roxo

10/06/2018

 

 

Embora insista com Lula, partido oferece vice à legenda que se aproxima de Ciro Gomes

A executiva nacional PT aprovou ontem resolução em que faz um aceno para tentar atrair o PSB e PCdoB para a candidatura presidencial do partido. As duas legendas têm negociado, nas últimas semanas, uma aliança com pré-candidato do PDT, Ciro Gomes. O objetivo é tentar afastá-las dos pedetistas.

Entre os critérios para a sua tática eleitoral, o PT lista como ponto número 1: “Construir uma coligação nacional para apoiar a candidatura Lula com PSB, PCdoB e outros partidos que venham a assumir este apoio”. Por enquanto, o partido não tem o apoio de nenhuma sigla e corre o risco de, pela primeira vez em sua história, entrar isolado em uma eleição presidencial.

O principal entrave do PT nas negociações tem sido a convicção por parte dos demais partidos de que Lula não conseguirá se manter como candidato até a disputa de outubro. O temor é fechar a coligação e depois ser obrigado a embarcar automaticamente num plano B.

Na resolução aprovada um dia depois do lançamento do nome de Lula, o PT também indica que caberá a um eventual aliado indicar o vice da chapa presidencial. O partido também deu ao PSB e ao PCdoB a prioridade na construção das alianças estaduais.

— A centralidade política da resolução aprovada é a aliança nacional com PSB e PCdoB. E nos estados, eles nos apoiam onde nós governamos e nós os apoiamos onde eles governam — afirmou deputado José Guimarães (PTCE), líder da oposição na Câmara.