Correio braziliense, n. 20189, 30/08/2018. Cidades, p. 19

 

Aliados avaliam desempenho

Alexandre de Paula

30/08/2018

 

 

Lideranças partidárias e candidatos a vice comentam a repercussão e o desempenho dos concorrentes ao GDF no debate de terça-feira. Muitos defendem que, nos próximos embates, os postulantes mantenham o foco nas propostas de campanha

A repercussão do debate promovido pelo Correio e pela TV Brasília entre sete candidatos ao GDF ganhou as ruas e as redes sociais com comentários dos candidatos a vice e de lideranças partidárias. Um dia depois do encontro, eles avaliam o desempenho dos aliados, destacaram a oportunidade de se fazer conhecer e de apresentar propostas à população e contaram que, ontem, diversos eleitores e internautas os procuraram para comentar o programa.

Na opinião do número dois de Eliana Pedrosa (Pros), Alírio Neto (PTB), o debate esquentou as eleições. “Eu considero o melhor debate até agora. Foi como se tivesse dado a largada. A campanha, de fato, começou”, afirma. Para ele, a cabeça de chapa se saiu bem, pois soube se esquivar dos ataques e não cair em polêmicas. “A Eliana foi propositiva, não entrou nas trocas de farpas. Foi uma das únicas candidatas a conseguir mostrar as propostas”, elogia.

O candidato a vice de Rodrigo Rollemberg (PSB), Eduardo Brandão (PV), aprovou o modelo do debate com candidatos fazendo perguntas frente a frente no centro do estúdio. Ele destacou o desempenho do governador. Para Brandão, Rollemberg foi propositivo e, ao mesmo tempo, soube se defender dos ataques com firmeza. “A ideia é que os candidatos mostrem propostas para a população, mas, quando se entra num nível mais baixo, tem de subir o tom para manter a conversa num patamar adequado”, diz.

O pastor Egmar Tavares (PRB), candidato a vice de Rogério Rosso (PSD), comentou os momentos mais quentes, como o embate entre Rosso e Rollemberg, quando o governador criticou a gestão-tampão do deputado federal. “O que indignou o Rosso é que, nessas situações, Rollemberg fala como se governasse a Europa ou estivesse em outro mundo”, justifica Egmar. “Isso faz parte do jogo, mas nós esperamos que a discussão possa ficar mais focada em propostas a partir de agora”, completa.

Candidato ao Senado na chapa de Alberto Fraga (DEM), o deputado federal Izalci Lucas (PSDB) criticou a discussão entre Rosso e Rollemberg. “A briga entre eles foi radical e desproporcional. Ficar um acusando o outro não leva a lugar nenhum. A população precisa conhecer os detalhes dos projetos e saber como eles pretendem efetivar as propostas”, afirma.

Apesar dos momentos de choque entre candidatos, o vice de Fraga, Alexandre Bispo (PR), avalia que o debate deu contribuição importante para a população. “Eu achei extremamente positivo. Houve conversas importantes para a comunidade, com discussões de ideias e de propostas”, destaca. Bispo acredita que Fraga mostrou maturidade no debate ao elogiar Rollemberg, quando falou sobre o fechamento do Lixão da Estrutural. “Ele foi firme, mas se mostrou preparado e experiente. O elogio a Rollemberg, apontando o acerto e a falha nesse projeto, mostra isso”, justifica.

Oportunidade

Vice de Ibaneis Rocha (MDB), Paco Britto (Avante) destaca a repercussão que o debate teve tanto nas redes sociais quanto nas ruas. Ele explica que isso é fundamental para um candidato como o emedebista, que ainda precisa se fazer conhecido para a maior parte do eleitorado do DF. “Toda a população falou sobre isso. Eu estava no Sol Nascente pela manhã e as pessoas falaram e perguntaram muito do debate. É uma oportunidade de conhecerem o nosso candidato.”

No PSol, de Fátima Sousa, a avaliação é parecida. A candidata a vice da chapa, Keka Bagno, comenta que, em oportunidades assim, é possível chegar a novos possíveis eleitores. “Muitas pessoas vieram nos procurar. Algumas que não nos conheciam. Você consegue atingir um outro público e isso é muito importante para a nossa candidatura”, ressalta.

O presidente do PSol no DF, Fábio Félix, afirma que a iniciativa foi também uma chance de entender como os candidatos se comportam. “Para nós, o debate comprovou, por exemplo, que existe um quarteto de candidatos (Rosso, Fraga, Pedrosa e Ibaneis) que jogam juntos. Parece que são uma candidatura só”, critica.

Na avaliação da vice de Miragaya (PT), Cláudia Farinha, também petista, o debate é importante para os candidatos, mas, sobretudo, para a população, que pode ter contato com as ideias de cada um dos postulantes ao Buriti. “Ter acesso a essas informações é muito relevante. Esse trabalho feito no debate foi de extrema importância”, elogia.

O distrital Chico Vigilante (PT) avalia que o candidato petista ao GDF se destacou entre os concorrentes. “Ele levou propostas sem demagogias, sem falar de coisas que não pode fazer. Tem gente aí dizendo que vai equiparar as polícias, como o Rogério Rosso, mas por que não fez quando foi governador?”, alfineta.

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Tema da campanha

Walder Galvão, Alan Rios, Alexandre de Paula e Isa Stacciarini

30/08/2018

 

 

O debate de terça-feira virou pauta na agenda dos candidatos. Em compromissos de campanha que tiveram ontem, alguns deles foram questionados pelos eleitores sobre o programa e comentaram o desempenho e o tom do debate.

A candidata do Pros, Eliana Pedrosa, ressaltou que os debates são uma oportunidade de estabelecer contato direto com a população. “Nós estamos numa eleição de tempo muito curto, quanto mais você puder se apresentar ao cidadão e dizer das suas intenções, melhor”, disse a ex-distrital.

Ela classificou como natural o clima amistoso entre os nomes de oposição ao atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB). “Em razão de o atual governador ter uma grande rejeição, é natural que os candidatos se concentrem nos problemas que são colocados hoje pela população e queiram debater isso. Fica parecendo que existe algum acerto, mas muito longe disso, cada um está com seus propósitos.”

Rollemberg discorda. Para ele, existe, sim, uma união entre os oponentes para desestabilizá-lo nos debates. “Ficou claro para a população que há um consórcio do passado, combinado e dividido, que assusta as pessoas sérias e que fez o ex-candidato Jofran Frejat (PR) sair, porque ele percebeu que podia manchar a biografia dele”, argumentou. Por outro lado, ele acredita que o momento de encontro com os concorrentes serviu para que ele conseguisse mostrar o legado do mandato como governador.

Sobre o embate que com Rodrigo Rollemberg, Rogério Rosso (PSD) insistiu que o chefe do Executivo não fez as contas certas. “Não gosto de gente que mente”, atacou. Ele, no entanto, faz boas avaliações sobre a repercussão do programa. “A população teve oportunidade de saber quem está fingindo e quem não está, além de conhecer as propostas de cada um”, destacou.

Fraga avaliou a oportunidade como importante para que a população conheça as propostas dos candidatos. Ele frisou que os momentos de confronto fazem parte do jogo. “Alguns conflitos são inevitáveis”, defendeu.

Poucas propostas

A abordagem de Fátima Sousa (PSol) aos eleitores ontem foi pautada principalmente pelo debate promovido pelo Correio. No SIA, ela perguntou a vários comerciantes se eles assistiram ao encontro e criticou promessas dos concorrentes: “Eles subestimaram a inteligência do povo e da imprensa, que não aguentam mais propostas vazias”.

O advogado Ibaneis Rocha, candidato do MDB, destacou o alto nível do debate, mas frisou que candidatos focaram em ataques e deixaram as propostas de lado. “Todos têm problemas com governos passados e acabam diminuindo a grandeza dos debates com esse tipo de atitude. Esse deveria ser um momento para apresentar propostas”, comentou.

O candidato do PT, Júlio Miragaya, tem opinião semelhante. Para ele, a população quer ouvir propostas. “Boa parte do debate girou em torno de denúncias e ataques. Acho que o melhor seria ter um choque de propostas”, avalia. O petista faz uma autocrítica e diz que também se viu tendo que se comportar assim. “Eu mesmo tive que entrar nisso, porque você é puxado nas perguntas e não tem como sair. Eu queria ter feito mais proposições, mas, de qualquer forma, o debate é sempre válido.”