O globo, n. 30986, 08/06/2018. País, p. 4

 

Em mais um ‘round’, Bolsonaro e Alckmin voltam a trocar farpas

Dimitrius Dantas

Cristiane Jungblut

08/06/2018

 

 

Tucano cobra propostas de segurança e afirma que deputado ‘foge’

Em meio à disputa pelo mesmo perfil de eleitores, o clima da briga entre o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), ambos pré-candidatos a presidente da República, esquentou após novas declarações do tucano ironizando as propostas do excapitão do Exército.

Em uma mensagem no Twitter, o pré-candidato do PSL relembrou a ligação de Geraldo Alckmin com o apelido “Santo”, que aparece nas planilhas da Odebrecht e supostamente atribuído ao tucano, que nega qualquer ligação com o codinome.

“Caro senhor divulgado como ‘Santo’ na Lava-Jato que alega não conhecer nossas propostas, acesse (nosso site) ou nosso canal no YouTube para mais informações. Uma boa noite”, escreveu Jair Bolsonaro na rede social.

A troca de farpas no Twitter continuou. Em resposta, Alckmin afirmou que o codinome “Santo” nunca foi atribuído a ele, e afirmou que Bolsonaro tenta não participar dos debates por falta de propostas. Alckmin postou uma imagem do ator John Travolta perdido, comumente usada em memes.

“Bolsonaro foge dos debates porque não tem o que dizer. Fugiu também da sabatina da Folha (de S.Paulo). Convido a imprensa a procurar propostas sobre segurança pública em seu site. Nada até agora. Me acusa de ser o ‘Santo’, quando sabe sabe que se trata de fake news. Covardia, leviandade ou os dois?”, retrucou o ex-governador de São Paulo.

Durante uma sabatina do jornal “Correio Braziliense” organizada na quarta-feira, Alckmin disse que os problemas do Brasil não serão resolvidos “a bala”, em ataque a propostas apresentadas por Jair Bolsonaro.

Alckmin foi até o Rio de Janeiro, reduto eleitoral do clã Bolsonaro, para apresentar sua equipe de Segurança Pública. Durante o evento, o ex-governador de São Paulo provocou o deputado federal.

— Quase não conheço as propostas do nosso concorrente. Faço um convite se ele quiser fazer um debate sobre segurança pública — afirmou o tucano.

ESTRATÉGIA TUCANA

Geraldo Alckmin, que patina nas pesquisas eleitorais, enxerga no grupo de eleitores que declara voto em Jair Bolsonaro uma oportunidade para voltar a crescer nas intenções de voto. Alckmin já sinalizou sobre a liberação do porte de armas para trabalhadores rurais, pauta defendida por Bolsonaro, que já defendeu fuzis para produtores rurais se defenderem de criminosos do campo.

Ao apresentar sua equipe de segurança, que inclui um general do Exército, uma das propostas defendidas por Geraldo Alckmin foi o aumento do tempo máximo de internação de adolescentes, no caso de crimes hediondos, de três para oito anos.

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Para Temer, Meirelles é a ‘continuidade’

Leticia Fernandes

08/06/2018

 

 

Presidente elogia ex-ministro, que tenta descolar sua imagem do governo

O presidente Michel Temer classificou ontem a précandidatura de Henrique Meirelles (MDB) a presidente como de continuidade de seu governo. A fala de Temer volta a colar Meirelles ao governo, uma semana após o ex-ministro tentar refutar, em entrevista ao “Estado de S. Paulo", o rótulo de candidato do Palácio do Planalto.

— O Meirelles representa a continuidade e acho que o povo brasileiro não quer descontinuidade. Meirelles fará a tese de que tudo vai continuar, as reformas fundamentais vão prosseguir, como outras tantas. Portanto, Meirelles é um excelente candidato.

Apesar dos elogios a Meirelles, Temer disse que admite conversar sobre uma candidatura única de centro, como defendeu esta semana o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo). Marun chegou a dizer que o ex-ministro da Fazenda “não tem voto" e que era preciso cogitar uma renúncia coletiva em nome de um postulante de centro mais competitivo.

— É claro que o quadro ainda é muito indefinido, muitos falam na possibilidade de um candidato de centro evitar radicalismos. É claro que, se isso prosseguir, vamos todos conversar, mas, no momento, dentro do MDB, o Meirelles tem maioria — afirmou Temer.

Para exemplificar a falta de consenso interno no MDB, o presidente chegou a citar o exemplo de Ulysses Guimarães, que foi candidato pelo partido em 1989 e não chegou a 5% dos votos.

— O doutor Ulysses foi lançado pelo PMDB e o próprio PMDB, naquela oportunidade, acabou por abandoná-lo. Mas é mais um fato histórico do que momentâneo.