O globo, n. 30992, 14/06/2018. Rio, p. 10

 

Homicídios e roubos caem, mas autos de resistência crescem

Carina Bacelar

14/06/2018

 

 

‘A intervenção dará certo, será um case de sucesso’, diz general

O general Walter Braga Netto antecipou ontem parte das estatísticas criminais do mês passado, durante uma palestra sobre os cem dias da intervenção federal na segurança pública do estado. Segundo ele, houve queda nos índices de letalidade violenta, homicídios dolosos e roubos de rua, de cargas e de veículos, na comparação entre março e maio deste ano. No entanto, os chamados autos de resistência — mortes decorrentes de intervenções policiais — aumentaram.

A intervenção federal na segurança do estado teve início em 16 de fevereiro. O GLOBO comparou os dados de maio apresentados por Braga Netto com os do mesmo mês em 2017, seguindo a metodologia utilizada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Esse levantamento também apontou uma redução de crimes.

As mortes violentas, que chegaram a 636 em março, caíram para 528 no mês passado. Em maio de 2017, foram 543. Os homicídios dolosos diminuíram de 503 em março para 379 em maio. Em maio de 2017, tinham sido 425. Já os homicídios decorrentes de intervenção policial aumentaram de 109 para 134 na comparação entre maio e março deste ano, e também foram bem mais numerosos que em 2017 (97).

Os roubos de rua, de acordo com o ISP, caíram de 11.182 em março para 11.021 em maio. No ano passado, maio registrou 13.833 casos. Os roubos de veículos também diminuíram de 5.358 para 4.373 (eram 4.596 em maio de 2017). Os de carga, somaram 917 em março de 2018 e caíram para 752 em maio (foram 1.240 casos em maio de 2017).

Braga Netto atribuiu o aumento dos autos de resistência à “reação de enfrentamento” dos criminosos:

— Começamos a entrar com uma força maior. Num primeiro momento, a marginalidade continuou enfrentando. Por isso, houve o aumento da letalidade. A tendência é diminuir, porque eles não vão continuar enfrentando.

Enquanto o Rio convive com guerras de facções em várias comunidades, o interventor adotou um tom otimista:

— A intervenção dará certo. Será um case de sucesso.

 

APOSENTADOS PODEM SER CONVOCADOS

Braga Netto disse que já autorizou, por meio de portaria, que os secretários de Segurança, Administração Penitenciária e Defesa Civil convoquem PMs e bombeiros da reserva para realizar serviços burocráticos ou participar de atividades pontuais, como as operações Lei Seca e Segurança Presente.

De acordo com Braga Netto, esses servidores já podem ser requisitados. Ontem, ele foi autorizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a fazer contratações sem licitação durante o período de intervenção. Essas contratações serão permitidas desde que comprovada a urgência da medida e a ligação com a área da intervenção. O general disse que serão compradas viaturas “mais robustas” para o patrulhamento.

O general afirmou também que 960 militares licenciados por razões de saúde (entre bombeiros e PMs) passarão por reavaliação médica, feita por profissionais das Forças Armadas, para saber se podem voltar ao trabalho, ao menos administrativo. Está sendo estudada a criação de serviço militar temporário nas polícias. A ideia é que os temporários liberem os efetivos de tarefas burocráticas.