O Estado de São Paulo, n.45572 , 26/07/2017. Política, p.A8

Facebook tira do ar 'rede' ligada ao MBL

Daniel Brammatti

 

 

Empresa diz ter detectado contas abertas com identidades falsas e desativa 196 páginas e 87 perfis relacionados ao Movimento Brasil Livre

 

O Facebook desativou ontem uma rede de 196 páginas e 87 perfis pessoais relacionados ao Movimento Brasil Livre (MBL), após uma investigação que detectou contas abertas com identidades falsas – o que é vetado pelos termos de uso da plataforma. De acordo com a empresa, a rede “escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”.

Segundo informações obtidas pelo Estado, a investigação durou meses e derrubou não apenas perfis falsos, mas também usuários registrados com sua identidade real. Isso ocorreu porque o Facebook detectou conexões entre esses usuários e outras contas falsas.

Apenas nos casos em que houve “alto grau” de certeza de envolvimento com a rede irregular, de acordo com a análise do Facebook, é que páginas e contas foram desativadas. Outros perfis foram poupados por falta de evidências suficientes de mau uso da plataforma.

Em nota, o MBL alegou perseguição ideológica. “Já há muito o Facebook tem sido alvo de atenção internacional, por conta do viés político e ideológico da empresa, manifestado ao perseguir, coibir, manipular dados e inventar alegações esdrúxulas contra grupos, instituições e líderes de direita ao redor do mundo.”

De acordo com o MBL, as páginas desativadas somavam 500 mil seguidores. Além de conteúdo sabidamente relacionado ao movimento, a ação do Facebook tirou do ar as páginas Rio Conservador, que exaltava o deputado federal Jair Bolsonaro, candidato a presidente pelo PSL, e Brasil 200, do movimento ligado ao empresário Flávio Rocha, que abriu da pré-candidatura à Presidência pelo PRB.

A página principal do MBL no Facebook não foi afetada. Renan Santos e Renato Battista, dois líderes do movimento, usaram esse canal para revelar a desativação de seus perfis pessoais. Em um vídeo transmitido ao vivo, a dupla telefonou para o jornalista Brad Haynes, da agência Reuters, que revelou em primeira mão a iniciativa do Facebook, e cobrou explicações. Quando Haynes explicou que não poderia falar, os dois desferiram ofensas contra o repórter.

O procurador Ailton Benedito, do Ministério Público Federal em Goiás, cobrou do Facebook a relação das páginas e perfis removidos e a justificativa.

 

Regras. Questionado pelo Estado sobre os critérios adotados para a punição de usuários, o Facebook listou diversos itens, entre eles situações em que “múltiplas contas trabalham em conjunto com a finalidade de enganar pessoas sobre a origem do conteúdo” e “sobre o destino dos links externos aos nossos serviços”. A empresa disse ainda que não se pode enganar pessoas “na tentativa de incentivar compartilhamentos, curtidas ou cliques e com o objetivo de ocultar ou permitir a violação de outras políticas” de uso da plataforma. / COLABORARAM MARIANNA HOLANDA e GILBERTO AMENDOLA

 

Reação

Kim Kataguiri, líder do MBL; movimento diz que páginas desativadas somavam 500 mil seguidores

 

“E inaceitável. Uma Violência! Conclamo o Congresso a tomar uma posição.”

Flávio Rocha, empresário e um dos fundadores do Brasil 200, página também tirada do ar