O globo, n. 30983, 05/06/2018. País, p. 4

 

Gilmar solta mais 4 presos da Lava-Jato

Jaílton de Carvalho

05/06/2018

 

 

Beneficiados são acusados de integrar rede de doleiros detidos por Bretas

-BRASÍLIA- O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a soltura de Rony Hamoui, Paulo Sérgio Vaz Arruda, Athos Albernaz Cordeiro e Owaldo Prado Sanches, investigados na Operação Câmbio, Desligo por suposto envolvimento em uma das maiores redes de lavagem de dinheiro do país com base no Rio de Janeiro. A operação é um dos desdobramentos Lava-Jato no Rio.

Desde o dia 15 de maio, Gilmar já soltou 19 pessoas presas por determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, responsável pela LavaJato, incluindo Milton Lyra, apontado como operador do PMDB, e Orlando Diniz, expresidente da Fecomércio-RJ.

Para Gilmar, não haveria razão para manter os quatro presos porque os crimes imputados a eles teriam sido cometidos há muito tempo. O ministro argumenta ainda que não há indicativo de que os supostos crimes tenham sido cometidos com base em ameaça ou violência física.

O ministro sustenta que a permanência dos quatro na cadeia não ajudaria, necessariamente, na recuperação dos recursos desviados pela organização, fundamento das ordens de prisão emitidas por Bretas. “Pois recursos ocultos podem ser movimentados sem a necessidade da presença física do perpetrador”, explicou.

Hamoui, Arruda, Cordeiro e Sanches fariam parte de uma rede internacional de movimentação de dinheiro chefiada por Dario Messer, que está foragido. Mendes decidiu, no entanto, manter a prisão de Sérgio Mizrahy, outro investigado na mesma operação. Para Mendes, “além de realizar operações de câmbio não autorizadas, ele atuava como doleiro e agiota”. O ministro entende que, neste caso, a soltura do doleiro “representa risco à ordem pública”.

 

PEZÃO ELOGIA DEPUTADO PRESO

Em outro processo derivado do braço fluminense da Lava-Jato, o governador Luiz Fernando Pezão prestou depoimento ontem no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). Ele foi arrolado como testemunha de defesa do deputado estadual Paulo Melo (MDB), que está preso preventivamente desde novembro. Ele é acusado de receber propina de empresas do setor de transporte para favorecer os interesses delas na Alerj. O depoimento de Pezão durou menos de quatro minutos. Perguntado sobre o que achava de Melo, o governador elogiou:

— Acho uma pessoa competente, que só tem ensino primário. Impactava muito, principalmente para mim, que vinha do interior, como ele dominava a parte legislativa, conhecendo regimento. (Colaborou Juliana Castro)