Título: Desafios externos
Autor: Vicentin, Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 06/05/2012, Mundo, p. 22
Seja quem for o vencedor de hoje, ele assumirá a Presidência com uma agenda repleta de reuniões internacionais. Em menos de 15 dias, o novo governante participará da cúpula do G-8, que reúne as sete maiores economias do mundo e a Rússia. Caso se confirme a esperada vitória do socialista François Hollande, a cúpula será sua primeira oportunidade de encontrar o colega americano, Barack Obama.
A grande expectativa, no entanto, é para o encontro entre líderes europeus, no fim do mês. Durante a campanha, Hollande propôs uma revisão do tratado fiscal assinado pelos governantes da União Europeia — sugestão rechaçada pela chanceler (chefe de governo) alemã, Angela Merkel, mas elogiada por outros líderes do bloco, como o presidente do Banco Central Europeu.
O acerto de ponteiros com Merkel será o principal desafio para um Hollande em início de mandato. "Os dois primeiros meses serão difíceis. Ele deverá conquistar Merkel e assegurar a ela que podem trabalhar juntos", assinalou Hugo Brady, do Centro de Reforma Europeia. A chanceler alemã nunca escondeu sua preferência pela reeleição de Nicolas Sarkozy, com quem forma a dupla de líderes que tem trabalhado duramente na contenção da crise.
O vitorioso nas urnas participará também da reunião de países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), também em maio. Embora a diplomacia francesa não deva sofrer grandes mudanças, o novo presidente terá de falar sobre assuntos espinhosos, como a presença de tropas no Afeganistão e a instalação de um escudo antimísseis norte-americano na Europa. Hollande já disse ser favorável à retirada do Afeganistão até o fim deste ano. "O caráter pessoal dele, um homem que gosta de construir acordos e é contrário a exercer uma direção agressiva, poderá muito bem ser uma vantagem do ponto de vista diplomático", avalia Thomas Klaus, do Conselho Europeu de Relações Exteriores. (CV)